Cardeal Errázuriz admite que se equivocou no "Caso Karadima"

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27 Fevereiro 2011

O arcebispo emérito de Santiago, Francisco Javier Errázuriz, admitiu ter cometido erros na tramitação das denúncias contra o ex-pároco de El Bosque, Fernando Karadima. No dia 16 de janeiro, o religioso foi condenado pelo Vaticano como autor de abusos sexuais contra menores de idade, contou o jornal La Tercera.

A reportagem foi publicada no sítio Religión Digital, 26-02-2011. A tradução é de Anne Ledur.

Numa entrevista à revista Qué Pasa, Errázuriz assinalou que a primeira denúncia contra o sacerdote foi feita em 2003. “Lamento não ter acreditado que era fidedigna. Nos meus anos de experiência sacerdotal foram vários os episódios em que se comprovaram calúnias graves.

Segundo Erráruriz, a denúncia feita por José Andrés Murillo, um dos acusadores de Karadima, dizia expressamente que “não queria um procedimento eclesiástico”.

“Foi nesse momento em que acreditei que era verdadeira a acusação. Esse foi um erro meu”, sustentou o arcebispo emérito de Santiago, especificando que nessa data (2003) qualquer acusação deveria ter estampada a assinatura do denunciante.

Explicou que também influenciou “a fama que o Pe. Karadima tinha, tanto pela formação de inúmeros jovens, que lhe eram muito gratos, como pela quantidade de vocações que foram para o seminário depois de tê-lo como guia espiritual. Todo o círculo mais próximo a ele também dizia que ele era uma pessoa sábia e santa”.

O cardeal também assinalou que o ano de 2005 deteve a investigação contra Karadima, apesar de ter dois testemunhos contra ele, porque lhe pareceu “necessário receber mais antecedentes”.

Nesse sentido, Erráruriz também disse que foi mal aconselhado. “Cometi um equívoco: pedi e supervalorizei o parecer de uma pessoa muito próxima ao acusado e ao acusador. Enquanto o promotor de justiça pensava que a acusação era verossímil, essa outra pessoa afirmava justamente o contrário.

O cardeal não quis dizer o nome dessa pessoa que o aconselhou.

Errázuriz disse que não é partidário de pedir perdão às vítimas de Karadima por sua atuação no caso. “Creio que fiz o que podia fazer, segundo o conhecimento que tinha do direito e das acusações. Em geral, não sou partidário dos pedidos de perdão por situações nas quais não há ações culpáveis.

O ex-arcebispo também sustentou que não houve intenção de cobrir as acusações contra Karadima e que reconheceu as denúncias contra o sacerdote graças à investigação eclesiástica.

Karadima permanece em um convento na comunidade de Providência. Nesta sexta-feira, foi visitado por seu advogado, Juan Pablo Bulnes, com quem esteve por mais de uma hora. “O padre está muito afetado”, disse sucintamente o profissional após o encontro.