05 Outubro 2012
O número de focos de incêndio no interior da Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, este ano supera em 60% os registros de queimadas na região no período de seca no ano passado. Entre julho e agosto, foram registrados mais de 2,4 mil focos de calor na unidade de conservação. Segundo fiscais ambientais que atuam na região, a situação na APA só deve melhorar em dois meses.
A reportagem é de Carolina Gonçalves e publicada pela Agência Brasil – EBC, 05-10-2012.
A unidade de conservação tem sido tratada como prioridade pelos órgãos ambientais pela alta vulnerabilidade às queimadas que ameaçam espécies raras de fauna que só existem neste local e estão ameaçadas de extinção, como o macaco-aranha-de-cara-branca, a arara-azul-grande e a onça-pintada.
Normalmente, a estiagem afeta o município paraense de julho até o final do mês de novembro. A gravidade das ocorrências ao longo dos anos fez com que órgãos ambientais decidissem manter, desde o ano passado, postos fixos de brigadistas na região durante os meses de pico de seca. Equipes, com pelo menos 15 agentes do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), vêm acompanhando e combatendo as queimadas em esquema de plantão. Do início de julho até o dia 26 de agosto, agentes do Ibama conseguiram controlar 32 incêndios florestais.
Somada à ação na APA e nas localidades de Soldadinho e Falcão, a 60 km de São Félix, os brigadistas conseguiram evitar a destruição de mais de 4,5 mil hectares de florestas primárias. Diego Guimarães, coordenador do Prevfogo no Sudeste do Pará, acrescentou que o saldo é resultado de 11 dias de combate em áreas de difícil acesso entre 15 e 26 de setembro.
Os incêndios são as piores e mais comuns consequências da estiagem nessas regiões, como São Félix do Xingu, que têm a produção agrícola como principal atividade econômica. No caso de São Félix, que tem um dos maiores rebanhos bovinos do país, as propriedades estão dentro da Apa Triunfo do Xingu e as pastagens são preparadas a partir de queimadas sem qualquer prevenção.
“Muitas vezes as medidas preventivas não são tomadas propositalmente. Não são feitos aceiros entre as áreas de pastagem e as áreas de florestas primárias”, disse Guimarães, alertando que essas seriam as medidas mínimas necessárias. Os aceiros são feitos com o desmate de áreas em torno de matas para evitar a propagação do fogo.
“Como não tem essas medidas, o fogo acaba passando do pasto para a mata. Temos registros de incêndios que duram entre 15 a 20 dias, passando de propriedade em propriedade”, disse. Segundo Guimarães, nem todos os pecuaristas reclamam das queimadas em suas propriedades, “porque vai quebrando as áreas de floresta e o capim toma mais espaço das florestas”. As novas áreas criadas com o crime ambiental acabam sendo convertidas em áreas para a produção de animais.
Em tempo seco, as chamas facilmente se espalham nos pastos, que dominam a paisagem do entorno da unidade, e atingem as matas. Guimarães diz que, nestas regiões e períodos, as queimadas são provocadas exclusivamente pela ação humana.
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Incêndios em área de proteção ambiental no Pará sobem 60% em um ano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU