02 Dezembro 2013
"Se eu digo ao papa que esta noite eu vou sair pelas ruas para ajudar os pobres, há sempre o risco de que ele queira sair comigo. Ele é assim, não pensa nos inconvenientes...".
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 29-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O arcebispo Konrad Krajewski, para todos no Vaticano ainda hoje "don Corrado", é o braço caritativo do papa ao qual os necessitados se voltam para pedir ajuda. Francisco o escolheu e o fez bispo, porque soube da sua atividade em favor dos sem teto, aos quais levava comida à noite nos arredores de São Pedro. Nessa quinta-feira de manhã, Krajewski encontrou-se informalmente com um grupo de jornalistas e contou-lhes como o papa quer que a sua caridade seja feita.
Perguntou-se a Dom Krajewski se Francisco nunca foi com ele disfarçado para levar ajuda aos pobres. O prelado respondeu com um sorriso e acrescentou: "Passemos para outra pergunta". Pouco antes, a esse respeito, ele dissera: "Nós logo nos damos conta de que podia haver problemas de segurança. É uma coisa difícil, complicada, mesmo que o papa seja assim e não pense nos inconvenientes".
As fontes vaticanas negam que Francisco jamais tenha saído incógnito com o seu elemosineiro, mas ninguém duvida que, podendo, ele já teria feito isso muitas vezes.
"O papa me manda quase todos os dias os envelopes com os pedidos de ajuda e muitas vezes escreve em cima: 'Você sabe o que deve fazer'", contou Krajewski. No ano passado, da Elemosineria Pontifícia, saíram 6.500 ajudas de um total de 1 milhão de euros, "mas agora esses números estão duplicando".
Dom Krajewski explicou que os pedidos devem chegar no mínimo com o carimbo do pároco, para se ter uma certificação de que são autênticos. "Quando verificamos a autenticidade, enviamos um cheque para o pároco, que o deposita e leva a ajuda, em nome do papa". Portanto, o dinheiro não é enviado, é levado pessoalmente. E o papa quer que o arcebispo polonês faça o mesmo em seu nome, na cidade de Roma ou em situações de emergência, tais como a de Lampedusa, onde o elemosineiro levou e presenteou aos refugiados 1.660 recargas telefônicas.
"O papa me disse: na sua conta da Elemosineria não deve haver dinheiro, você não deve vincular ou investir, você deve gastar. E muitas vezes ele me pergunta: você precisa de dinheiro? Ele também me disse: você faz o trabalho mais bonito de todos".
Krajewski contou que envolveu os guardas suíços no trabalho noturno de assistência aos necessitados, que os soldados do papa realizam fora do horário de serviço. Para se adequar ao estilo de Francisco, Dom Krajewski abandonou o carro oficial por um utilitário. E revelou uma anedota ligada à já famosa "Misericordina", o terço na caixa que Francisco aconselhou como "remédio" no Angelus de duas semanas atrás. "Eu estava levando ao papa as notas com o custo da operação e parei no bar. Encontrei-me com o presidente de uma fundação, que eu conhecia. E ele se ofereceu para pagar tudo: na sua vida, ele nunca dera esmola".
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''O papa me disse para dar todo o dinheiro e gostaria de vir comigo ajudar os pobres'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU