Por: André | 28 Agosto 2013
Os dirigentes exigem a revogação dos Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos e a União Europeia, a fixação de preços mínimos para os seus produtos e uma diminuição dos preços dos fertilizantes e das sementes.
Fonte: http://bit.ly/19WOmO8 |
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 27-08-2013. A tradução é de André Langer.
Após uma semana de mobilizações, o presidente Juan Manuel Santos e o ministro da Agricultura, Francisco Estupiñán, reuniram-se com dirigentes agrários para tentar destravar as paralisações. O encontro aconteceu em Tunja, capital do departamento (Estado) de Boyacá, onde se apresenta uma das situações mais complexas pelo bloqueio de estradas e confrontos entre camponeses e policiais. Santos defendeu que as mesas de negociação devem ser regionais e por setores agrários, e unicamente depois que cessarem os bloqueios. “O governo anda de cima para baixo buscando interlocutores, tratando de forçar mesas regionais. Mas a paralisação é nacional e o único que não quer ver isso é o governo. Assim que iniciar a mesa nacional, estamos dispostos a interromper os protestos”, assinalou Eberto Díaz, porta-voz da Mesa de Interlocução Agrária (MIA). Os agricultores exigem do governo a revogação dos Tratados de Livre Comércio (TLC) assinados com os Estados Unidos e a União Europeia, a fixação de preços mínimos para os seus produtos e uma diminuição dos preços dos fertilizantes e das sementes. Também pedem maior acesso à propriedade das terras.
Estupiñán havia se reunido no fim de semana com os líderes dos protestos em Boyacá, sem conseguir um acordo, embora uma fonte do ministério tenha dito que houve avanços significativos. Mas Díaz, que coordena os protestos, reiterou que estes só se levantarão se Santos aceitar uma negociação de caráter nacional. Díaz, que é presidente da Federação Nacional Sindical Unitária Agropecuária na Colômbia, detalhou que por ter assinado um TLC com a União Europeia, mais de 400.000 leiteiros colombianos serão afetados com a entrada deste produto do exterior. Também há o tratado com os Estados Unidos com os ramos do milho e do arroz, que está quebrando a produção nacional. Por conta do TLC, existe no país o aumento das privatizações, como é o caso das comunicações e da eletricidade.
“Os Tratados de Livre Comércio buscam a destruição dos territórios, o deslocamento de comunidades inteiras e a destruição das florestas; é por isso que não podemos permitir isto. O TLC é um cheque em branco que o governo entrega às transnacionais e às principais potências do mundo”, considerou Díaz. “Com os Tratados de Livre Comércio os mais prejudicados são a classe trabalhadora; hoje vemos os efeitos negativos dos TLC que a Colômbia estabeleceu com os Estados Unidos e a Europa”, acrescentou.
Entre o dia 15 de maio de 2012, quando entrou em vigor o TLC, e o dia 31 de março passado, as exportações para os Estados Unidos, sem incluir o petróleo, subiram para 46 bilhões de dólares, um aumento anual de apenas 3,3%. No entanto, as importações dos provedores estadunidenses no mesmo período foram de 13,25 bilhões, uma alta de 13,6%. Desta maneira, o superávit comercial da Colômbia com os Estados Unidos se reduziu pela primeira desde 2007, e passou de 8,9 bilhões, em 2011, para 8,5 bilhões, em 2012, segundo destaca o jornal colombiano El Tiempo.
De acordo com o porta-voz da MIA, os confrontos provocaram 200 feridos, ao passo que outros 250 manifestantes foram presos. Os protestos, dos quais participaram cerca de 200.000 agricultores, continuam em 11 dos 32 departamentos. Deputados departamentais de Boyacá foram, nesta segunda-feira, até o escritório na Colômbia do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos para denunciar abusos por parte da política antidistúrbios e a morte de três pessoas em meio aos bloqueios de estradas. “Solicitamos que garantam os direitos da população diante do abuso do Esmad (esquadrão antimotins)”, afirmou Osman Roa, presidente da Assembleia Legislativa de Boyacá.
“Desde o dia 19 de agosto passado, quando começou a paralisação camponesa, foram recebidos com um tratamento de guerra; o governo militarizou todas as regiões do país, o que impediu que muitos trabalhadores da terra pudessem sair de seus locais de origem, e mais de 150 camponeses estão presos”, explicou Díaz. Também assegurou que, dentro das manifestações, os jovens estão sendo manipulados com a finalidade de provocar distúrbios. “As manifestações camponesas são autônomas, os trabalhadores agrários sempre foram pacíficos, as forças públicas são as que provocam a população que se encontra mobilizada”. Díaz fez um apelo ao governo para que respeite o direito constitucional à mobilização, à livre expressão e à livre organização das comunidades rurais do país.
O escritório da ONU chamou à calma e ao diálogo e manifestou preocupação com as mortes, enquanto que o defensor público, Jorge Otálora, relatou abusos da polícia e dos agricultores que denunciará à Promotoria. Vídeos que mostram supostas agressões da polícia contra manifestantes circulam em redes sociais. Por esta razão, o diretor da instituição, Rodolfo Palomino, ordenou uma investigação.
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Os agricultores colombianos fazem paralisações contra Santos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU