Por: André | 07 Mai 2013
Submetido a múltiplas acusações, Roberto González Nieves já foi investigado por um visitador pontifício. Em Roma, pediram-lhe que apresente sua renúncia, mas ele não pensa em deixar seu cargo. Sustenta sua inocência e está disposto a comprová-la.
A reportagem é de Andres Beltramo Alvarez e publicada no sítio Vatican Insider, 04-05-2013. A tradução é do Cepat.
Há vários anos o Vaticano mantém uma negociação insolúvel com o prelado. O prefeito da Congregação para os Bispos, Marc Ouellet, quis cortar o mal pela raiz em 15 de dezembro durante uma reunião da qual participou também seu secretário, Lorenzo Baldisseri. Um encontro que acabou sendo áspero e tenso. Nessa oportunidade o purpurado sugeriu a González Nieves que era hora de apresentar sua renúncia e buscar outro posto na Igreja.
A resposta? Uma longa carta na qual o acusado se defende de cada uma das notificações. Escrita em 20 de fevereiro e dirigida ao próprio Ouellet, a carta deixou registrada toda a raiva do arcebispo.
O texto, de seis páginas, revelou as quatro acusações: proteger sacerdotes pedófilos, ter realizado uma investigação contra o presbítero Edward Santana sem jurisdição para isso, ter proposto as “residências compartilhadas” e a promoção de um “altar da Pátria” em sua catedral.
González Nieves tem um número igual defensores e detratores, tanto dentro como fora de Porto Rico. Seu maior crítico é o delegado apostólico Josef Wesolowski, que durante meses pressionou para sua destituição. Seu trabalho foi responsável pela visita apostólica ordenada pela Congregação para o Clero, visita que foi encarregada ao arcebispo equatoriano de Guayaquil, Antonio Arregui Yarza. Um procedimento iniciado em 25 de outubro de 2011 e ainda em andamento.
Simultaneamente, a Congregação para o Clero solicitou à Congregação para a Doutrina da Fé informações relacionadas aos diversos casos de supostos abusos sexuais contra menores cometidos por sacerdotes da Arquidiocese. Mas, segundo o Vatican Insider pôde confirmar, esse dicastério não identificou irregularidades na atuação de González Nieves.
Outros dois pontos o colocariam sob suspeita. O primeiro é sua proposta das chamadas “residências compartilhadas”: uma lei que tutela a convivência de casais formados por pessoas do mesmo sexo (homossexuais ou não), que garante seus direitos de herança, visitas hospitalares e acesso a planos de saúde, mas sem equiparar suas uniões ao casamento ou ao conceito de família.
O segundo corresponde ao “altar da Pátria”, o título dado a uma das capelas da catedral e que provocou apaixonadas controvérsias. Porto Rico é um território livre, mas associado aos Estados Unidos. Seus políticos se dividem entre aqueles que querem uma autonomia total e aqueles que desejam continuar anexados aos Estados Unidos. Neste contexto, muitos consideram que o altar é a prova concreta do envolvimento político “independentista” do arcebispo.
Embora em Roma lhe tenham pedido manter estrita confidencialidade, ele decidiu confiar seus problemas a vários clérigos de alto escalão. Aos seus compatriotas porto-riquenhos Félix Lázaro, da diocese de Ponce, e a Álvaro Corrada del Río. Além disso, aos cardeais Bernard Law, William Joseph Levada, Sean O’Malley, Oscar Rodríguez Maradiaga e Timothy Dolan.
Presidente da Conferência Episcopal de Porto Rico entre 2001 e 2007, em Roma dão como certo que todos os bispos do país “estão do seu lado”. E isso parece incomodar. Por enquanto, o delegado apostólico Wesolowski viajará nas próximas semanas para Porto Rico. Conseguirá aplacar os ânimos? Parece ser uma encomenda difícil.
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O arcebispo de Porto Rico nega-se a renunciar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU