Por: André | 04 Mai 2013
A Santa Sé exigiu a renúncia do arcebispo de San Juan (Porto Rico), Roberto González Nieves, acusado de proteger sacerdotes pedófilos e de utilizar a catedral para atos políticos. O religioso, em uma carta enviada ao cardeal Ouellet, se defende das acusações e denuncia “a falsidade e a tergiversação” das mesmas.
A reportagem está publicada por Religión Digital, 30-04-2013. A tradução é do Cepat.
O arcebispo metropolitano de San Juan, Roberto González Nieves, respondeu, em fevereiro passado, a várias notificações feitas contra ele pelo cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, e seu secretário, Mons. Lorenzo Baldisseri, em uma reunião realizada no dia 15 de dezembro do ano passado em Roma na qual, além disso, pediram a ele que renunciasse ao seu cargo.
“Nessa reunião, me indicaram que eu teria que renunciar à Sede Arquidiocesana de San Juan de Porto Rico e que pedisse outro serviço na Igreja. As injustiças, as perseguições, as difamações, as tergiversações de fatos, os processos injustos e parciais nunca podem ser fontes de direito para a renúncia de um Bispo, ou justa causa para isso. Portanto, este servidor quer fazer constar que nunca renunciará à Sede Arquidiocesana de San Juan, quando não há razões para isso”, indica a carta datada de 20 de fevereiro passado e que foi divulgada por uma rádio (Noti Uno 630).
“Durante a reunião, me foi lida uma longa lista de acusações contra a minha pessoa que me surpreendeu e causou grande consternação, primeiro, pela falsidade das acusações e pela tergiversação dos fatos, e, segundo, porque entendi que se prejulgava a minha culpabilidade. De fato, não tenho claro se essas acusações eram conclusões de fatos e, em caso positivo, de qual investigação se originaram, porque dos fatos reais que me constam, e da qual possuo evidências fidedignas, jamais se pode concluir o que foi assinalado nesta reunião”, acrescenta o documento de seis páginas.
Entre os aspectos assinalados estão a proteção de sacerdotes pedófilos, uma investigação sem jurisdição do reverendo Pe. Edward Santana, as residências compartilhadas e o Altar da Pátria.
Assim mesmo, González indica na carta que está proibido de falar sobre o assunto, embora aceitou ter consultado confidencialmente vários líderes da Igreja católica, como o Mons. Félix Lázaro, bispo de Ponce, e o Mons. Álvaro Corrada del Río, bispo de Mayagüez. Também comentou sobre o tema com os cardeais Bernard Law, Joseph Levada e Sean O’Malley.
O assunto também foi consultado confidencialmente com o arcebispo de Tegucigalpa, o cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, e com o de Nova York, o cardeal Timothy Dolan. González, além disso, autorizou Dolan a falar sobre a situação com o cardeal Rigali.
Por outro lado, o arcebispo metropolitano de San Juan menciona na carta que conversou com o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o arcebispo Gerhard Ludwig Müller, já que os quatro temas mencionados anteriormente “em relação aos quais se levantam acusações ou notificações, são de competência, em primeira instância, de seu dicastério”.
Nieves mencionou que a visita apostólica da Congregação para a Clero “durou mais de um ano (de 25 de outubro de 2011 ao presente) e que foi realizada por S.E.R. Mons. Antonio Arregui Yarza, arcebispo de Guayaquil” e que o delegado apostólico, S.E.R. Mons. Jozef Weslowoski o advertiu sobre a possibilidade de novas visitas surpresas.
Além disso, assinalou que tentou em vão comunicar-se com o Prefeito da Congregação para o Clero, o cardeal Mauro Picaenza e que durante a visita apostólica foi proibido de fazer nomeações eclesiásticas.
Também indica na carta que ainda não recebeu a autorização final para a venda do Colégio La Milagrosa, apesar de que Mons. Celso Morga Iruzubieta lhe tenha notificado que essa transação não conflitava com a visita apostólica.
“Estou confiante e fortalecido de que diante de qualquer fórum que examine em justiça e conforme a direito a prova tanto a meu favor, como aquela que se pudesse usar contra mim, reluzirá a integridade moral deste servidor, sua diligência na administração dos bens eclesiásticos, a diligência em atender os casos de disciplina eclesiástica e que minhas intervenções na coisa pública foram inspiradas na doutrina social católica das Igrejas e nos princípios evangélicos, e não na política partidarista ou ideológica”, conclui a carta.
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O Vaticano exige a renúncia do arcebispo de Porto Rico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU