18 Janeiro 2013
Por 135 anos, a Escola Holly Cross funcionou em Times Square, educando primeiro os filhos de estivadores e portuários, e agora os filhos de funcionários de empresas de ônibus, hotéis e escritórios do bairro. Alguns de seus alunos vêm todas as manhãs com seus pais de lugares tão distantes como Nova Jersey, o condado de Westchester e Pensilvânia. Vestindo seu uniforme branco, marrom e cinza, eles fazem fila do lado de fora de uma escola de tijolos vermelhos na rua 43 entre as avenidas Oito e Nove, virando a esquina a partir das lojas de DVD adulto e restaurantes fast-food na Oitava Avenida.
A reportagem é de Sharon Otterman, publicada no jornal The New York Times e reproduzida no portal Uol, 17-01-2013.
Mas agora, a Holly Cross é uma das 28 escolas de ensino fundamental que estão sendo selecionadas para fechar este ano pela Arquidiocese Católica Romana de Nova York. As propostas de fechamento são as mais recentes numa onda que varreu escolas católicas de ensino fundamental no Nordeste e Centro-Oeste nas últimas décadas.
Na Arquidiocese de Nova York, que se estende do norte de Staten Island quase até Albany, menos de 75 mil alunos agora frequentam 245 escolas católicas de ensino fundamental e médio, abaixo dos 212 mil alunos em 414 escolas no início dos anos 60.
O cardeal Timothy M. Dolan, arcebispo de Nova York, fechou 26 escolas de ensino fundamental em 2011, mas disse esperar que esta seja a última rodada de fechamentos desta amplitude.
A arquidiocese está no processo de regionalização da gestão escolar e financeira do ensino fundamental, e espera que novas fontes de receita, incluindo uma taxa arquidiocesana que incide sobre as paróquias sustente todas as escolas da região, ajudem a reduzir os déficits operacionais persistentes que dizem estar obrigando os fechamentos.
Ao longo dos últimos meses, comitês de clérigos e leigos têm examinado as finanças de cada escola e determinaram que algumas que estão com déficits orçamentários anuais substanciais devem fechar, independentemente de seu desempenho acadêmico, disse Timothy McNiff, superintendente arquidiocesano das escolas. Escolas que têm na sua maioria alunos pobres e imigrantes, como a Holly Cross, estão sendo as mais atingidos, pois muitas vezes elas têm os recursos financeiros mais limitados.
"Esta é a coisa mais infeliz que temos a fazer", disse McNiff. "Estamos fechando escolas que não estão fracassando academicamente, que não estão fracassando na ajuda às crianças em sua jornada de fé e que oferecem portos seguros para elas."
No entanto, diz ele, "se não fizermos isso, será uma morte por 1 mil cortes – os déficits nos consumirão."
Em novembro, autoridades da Igreja notificaram 26 escolas que estavam em risco de serem fechadas, mas permitiram que elas permanecessem abertas se demonstrassem que eram capazes de arrecadar dinheiro suficiente para financiar suas próprias operações, em vez de continuar dependendo de subsídios da arquidiocese.
Duas escolas de Staten Island foram incluídas à lista neste mês. Para a Holly Cross, isso significaria arrecadar US$ 720 mil dólares, o suficiente para cobrir seu déficit operacional anual de US$ 240 mil por três anos.
A irmã Maria Theresa Dixon, diretora da Holly Cross, disse na última segunda-feira que a escola tinha recebido doações de cerca de US$ 211 mil por ano de ex-alunos e outros doadores, o que ela esperava que fosse suficiente. O reverendo Peter Colapietro, pastor de longa data da paróquia, disse que ainda estava buscando mais doadores. As decisões finais devem sair dia 22 de janeiro.
A dificuldade da situação não passou em branco para os cerca de 200 estudantes, que estavam sentados em salas de aula ordenadas e bem decorados numa sexta-feira recente, trabalhando em subtrações de três dígitos, propostas para feiras de ciências e as lições de história.
"Eu não quero que essa escola feche porque ela fez com que eu me tornasse quem eu sou hoje", disse Brandon Johnson, 10, aluno do quinto ano. "Mas, mesmo se ela fechar, ainda teremos a memória em nossos corações."
Marc Rivera, 14, aluno do oitavo ano do Bronx, também disse que a escola deveria ser poupada.
"Estou aqui desde o primeiro ano", disse Rivera. "Fiquei aqui porque todos os professores são legais. Não há crianças más na escola."
Muitas das escolas em situação de risco da arquidiocese formaram comitês de emergência compostos por ex-alunos, fizeram abaixo-assinados e criaram planos de marketing numa tentativa de atrair famílias que agora têm as finanças apertadas e mais opções, incluindo escolas públicas, do que no passado.
"Estamos funcionando num ambiente mais competitivo", disse Agnes McNamara, diretora da Escola Good Shepherd, em Inwood, que levantou dinheiro suficiente há dois anos para evitar ser fechada e não está em risco neste momento.
Ela está trabalhando para aumentar o numero de matrículas, oferecendo novos cursos e métodos de ensino; a taxa anual em sua escola é de US$ 4 mil. "As pessoas estão se sacrificando para mandar seus filhos; elas têm de receber um produto de qualidade", disse ela.
Entre os bairros, o Bronx é o mais afetado. A arquidiocese fechou seis escolas elementares paroquiais no bairro em 2011, e mais oito são agora considerados em situação de risco, incluindo a Blessed Sacrament, que a juíza Sonia Sotomayor, do Supremo Tribunal dos EUA, frequentou.
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Escolas católicas de Nova York podem fechar por falta de verba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU