“Não devemos ter medo de deixar os ‘odres velhos’”, diz Francisco à Vida Religiosa

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: André | 01 Dezembro 2014

A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica realizou sua assembleia plenária refletindo sobre a atualidade da vida consagrada na Igreja, 50 anos após os documentos conciliares Lumen Gentium e Perfectae Caritatis. O tema escolhido foi “Vinho novo em odres novos” e o Papa Francisco, recebendo na manhã desta quinta-feira 80 de seus participantes, baseou seu discurso nos múltiplos significados desta frase.

 
Fonte: http://bit.ly/1tBgcmL  

A reportagem está publicada no sítio Religión Digital, 27-11-2014. A tradução é de André Langer.

“Na parcela da vinha do Senhor representada pelos que escolheram imitar Cristo mais de perto mediante a profissão dos conselhos evangélicos, amadureceu a uva nova e se espremeu o vinho novo – observou o Pontífice. Nestes dias vocês se propuseram a discernir a qualidade e o sabor do ‘vinho novo’ colhido na longa temporada da renovação, e ao mesmo tempo avaliar se os odres que o contêm, representados pelas formas institucionais presentes hoje em dia na vida consagrada, são adequados para conter este ‘vinho novo’ e favorecer seu pleno amadurecimento. Como lhes recordei outras vezes, não devemos ter medo de deixar os ‘odres velhos’: ou seja, de renovar os hábitos e as estruturas que, na vida da Igreja e, portanto, também na vida consagrada já não respondem ao que Deus nos pede hoje para fazer avançar o Reino de Deus no mundo: as estruturas que nos dão falsa proteção e condicionam o dinamismo da caridade e dos hábitos que nos afastam do rebanho ao qual fomos enviados e nos impedem de escutar o grito dos que esperam a Boa Nova de Jesus Cristo”.

“Não devemos esconder – prosseguiu – os pontos fracos que a vida consagrada pode ter em nossos dias como a resistência de alguns setores à mudança, a menor força de atração, o grande número de abandonos, a fragilidade de alguns caminhos de formação, o afã pelas tarefas institucionais e ministeriais em detrimento da vida espiritual, a difícil integração da diversidade cultural e geracional, o problemático equilíbrio no exercício da autoridade e no uso de bens. Preocupa-me também a pobreza... Santo Inácio dizia que a pobreza é a mãe e também o muro da vida consagrada. E é mãe também porque dá a vida e como muro protege do mundanismo. Queiram continuar escutando os sinais do Espírito que abre novos horizontes e empurra para novos caminhos, sempre partindo da regra suprema do Evangelho e inspirados pela audácia criativa de seus fundadores e fundadoras”.

O Papa enumerou depois os critérios de orientação a seguir na “árdua tarefa de avaliar o vinho novo e comprovar a qualidade dos odres”, citando entre eles, a originalidade evangélica das opções, a fidelidade carismática, a primazia do serviço, a atenção aos mais pequenos e fracos e o respeito à dignidade de cada pessoa.

Antes de finalizar, animou os presentes a continuar trabalhando com generosidade e empenho na vinha do Senhor, “para colher o vinho bom que revitaliza a vida da Igreja e alegra os corações de tantos irmãos e irmãs necessitados da atenção de vocês”. E destacou que “nem a substituição dos odres velhos pelos novos é automática; requer o compromisso e a capacidade para proporcionar o espaço idôneo para acolher e fazer frutificar os dons com que o Espírito continua embelezando a Igreja, sua esposa”.

“Não se esqueçam – concluiu – de continuar no caminho de renovação iniciado e, em grande medida, realizado nos últimos 50 anos, examinando toda novidade à luz da Palavra de Deus e escutando as necessidades da Igreja e do mundo contemporâneo e utilizando todos os meios que a Igreja põe a sua disposição para avançar no caminho da santidade pessoal e comunitária. E entre estes meios o mais importante é a oração... Digam aos novos membros, por favor, que rezar não é perder tempo, que adorar a Deus e louvá-lo não é perder tempo. Se nós, os consagrados, não tomamos cada dia um tempo para nos encontrarmos com Deus na gratuidade da oração, o vinho poderá virar vinagre”.