17 Novembro 2014
O homem do diálogo – como o descreve o titulo do livro mais recente a ele dedicado (Edizioni Paoline) – completa 60 anos na segunda-feira, dia 17 de novembro. Ou, pelo menos assim esperam todos aqueles que o querem bem.
Porque de Paolo Dall’Oglio, jesuíta, fundador da comunidade monástica de Deir Mar Musa, na Síria, uma vocação especial para o diálogo com o Islã, não se sabe mais nada desde o dia 29 de julho de 2013.
“Gostaríamos de abraçá-lo, mas estamos prontos a chorá-lo”, escreveram os familiares por ocasião do primeiro aniversário do seu desaparecimento ocorrido em Raqqa, cidade no norte da Síria, hoje famosa por ser o baluarte dos terroristas do Estado Islâmico – ISIS.
A reportagem é de Stefano Femminis, publicada por Vatican Insider, 16-11-2014. A tradução é da IHU On-Line.
São seus próprios familiares (os pais anciãos e os sete irmãos e irmãs) que lançaram a proposta de um momento de oração a ser realizada nesta segunda-feira, dia 17 de novembro, ao mesmo tempo em vários lugares do mundo. Uma ocasião para implorar a paz na região e para recordar não somente o jesuíta, mas todos os seqüestrados no inferno sírio, particularmente os dois bispos ortodoxos desaparecidos desde abril de 2013. “O nosso presente – escrevem numa breve mensagem que pode ser lida aqui, em italiano – será uma oração ou um pensamento compartilhado à distância. Rezaremos para que um pouco de luz ou um sopro de vento possa dar conforto a ti e todas as pessoas que tanto tempo estão sofrendo”.
No dia 29 de janeiro deste ano, uma proposta análoga foi feita pelos seis meses do sequestro. Graças aos meios eletrônicos de comunicação, inumeráveis momentos de oração em várias cidades do mundo, de Paris a Beirute, de Doha a Montreal. Isto mais uma vez demonstrou o afeto que goza este religioso vulcânico que por mais de 30 anos promoveu a amizade entre os cristãos e os muçulmanos. Parece que o mesmo acontecerá nesta segunda-feira, em Roma (cidade natal do padre Paolo, onde os seus amigos se encontrarão na paróquia de San Giuseppe, na via Francesco Redi, para celebrarem a eucaristia às 18h30min).
Apesar do longo e angustiado silêncio, a voz do jesuíta se fez, de qualquer maneira, ouvir há poucas semanas. No dia 31 de agosto os familiares publicaram uma carta inédita que um jovem Dall’Oglio escreveu por ocasião da sua ordenação diaconal, em 1983. Um texto no qual se podem já claramente perceber os fundamentos sobre os quais padre Paolo construiu a sua vida e a sua missão na Síria, particularmente o percurso da consagração ao diálogo.
Ele escrevia, por exemplo, com singular intuição: “Mas se nós não vivemos o diálogo no nosso meio, como o pregaremos para os de fora? E se as Igrejas poderosas e majoritárias permanecem como o modelo a ser desenvolvido, como queremos pretender que os cristãos que são privados do poder ou que são minoritários não sintam a tentação de se fecharem em gueto ou de emigrar, como acontece no Oriente Médio? Nesta ótica o Islã constitui uma prova, um desafio, um apelo indireto para o crescimento e para a conversão, para conhecer e imitar a Jesus, seja para os cristãos do Oriente Médio como para toda a Igreja”.
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Os 60 anos do Padre Paolo Dall’Oglio, sequestrado na Síria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU