18 Julho 2014
O arcebispo de Canterbury, o reverendíssimo Justin Welby, admitiu que espera que mais casos de abuso infantil surjam dentro da Igreja e que ele lida com a questão diariamente.
A reportagem é de David Barrett, publicada no sítio do jornal britânico The Telegraph, 13-07-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Ele disse que está se tornando cada vez "mais claro" que o problema não tinha sido tratado adequadamente no passado.
A justiça deve ser manifestada às vítimas de abuso na infância, e a Igreja da Inglaterra deve ser "absolutamente transparente" sobre o que aconteceu no passado, disse Welby no programa Andrew Marr's Show da BBC.
Perguntado se estava preparado para a investigação a fim de descobrir "histórias ruins", o arcebispo respondeu: "Eu gostaria de dizer que elas não existem, mas eu desconfio que haja. Elas existem em quase todas as instituições nesta terra".
"Ou seja, é algo com que eu lido todos os dias, e está se tornando cada vez mais claro que, por muitos, muitos anos as coisas não foram tratadas como deveriam ter sido tratadas. E nós temos que mostrar justiça para os sobreviventes de abuso. Esse é o primeiro e absoluto princípio. E temos de ser absolutamente transparentes de todas as formas possíveis e temos que continuar dizendo o quão devastados estamos com as coisas terríveis que foram feitas no passado e o quanto lamentamos tudo isso".
Os comentários do arcebispo vieram depois de o Ministério do Interior inglês ter sido novamente forçado a defender a nomeação da baronesa Butler-Sloss para presidir o inquérito em meio a alegações de que ela se recusou a tornar público o caso de um bispo anglicano envolvido em um escândalo.
Alega-se que Lady Butler-Sloss disse a uma vítima de suposto abuso que ela não queria incluir as denúncias em um relatório de como a Igreja da Inglaterra lidou com dois padres pedófilos, porque ela "se preocupava com a Igreja" e "a imprensa adoraria falar de um bispo" [pedófilo].
A ex-juíza da Suprema Corte recebeu pedidos para renunciar após relatos de que seu falecido irmão, Sir Michael Havers, tentou impedir o deputado Geoffrey Dickens de divulgar afirmações sobre um diplomata pedófilo pertencente ao Parlamento em 1980.
Lady Butler-Sloss insistiu que ela "nunca" colocou a reputação de uma instituição à frente da justiça para as vítimas.
O jornal The Sunday Times afirmou que a polícia criou um grupo nacional para investigar alegações de abuso infantil por parte de autoridades e de pessoas muito importantes na sociedade.
Simon Bailey, chefe de polícia de Norfolk, que está dirigindo o grupo nacional, disse que 13 forças estão investigando 21 casos envolvendo "funcionários eleitos, celebridades, pessoas de notoriedade pública e pessoas diretamente ligadas a eles".
As condenações recentes do artista Rolf Harris e do publicitário Max Clifford aumentaram a confiança das vítimas para virem a público por considerarem que suas alegações podem ser tratadas com seriedade, acrescentou.
A parlamentar Tessa Munt, do Partido Liberal Democrata, que afirmou em uma entrevista na semana passada que foi abusada quando criança, disse ao jornal que ela foi contatada por mais de 400 vítimas e acrescentou: 21 casos chegaram à conclusão, e isso é algo enorme realmente ... assustadoramente grande".
James Brokenshire, ministro do Interior, disse que haverá um painel de especialistas que atuarão junto a Lady Butler-Sloss.
Questionado se poderia haver copresidentes com poderes iguais, ele disse: "Eu acho que é esse detalhe específico que estamos trabalhando nesta fase, porque é importante que nós tenhamos os peritos adequados na matéria".
Ele acrescentou: "Eu acho que a integridade da baronesa Butler-Sloss brilha".
Yvette Cooper, a ministra do Interior "sombra" [do partido da oposição], se esquivou de responder a perguntas se o seu partido apoiava a nomeação de Lady Butler-Sloss como a pessoa certa para presidir o inquérito.
Ela disse: "Eu acho que ela [Lady Butler-Sloss] é uma pessoa extremamente experiente, que vai executar esse trabalho muito bem, mas ela também precisa das pessoas certas ao seu redor, ela precisa fazer com que o Ministério do Interior tome medidas para se certificar de que todas essas preocupações sejam abordadas".
"Se eles não conseguirem, eles terão que fazer mudanças e repensar a coisa toda, mas acho que a bola agora deve estar com o tribunal do Ministério do Interior, para configurá-lo da maneira certa e ter certeza de que eles podem fazer isso, porque eu acho que Lady Butler-Sloss tem uma imensa experiência que deve ser utilizada".
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Mais casos de abuso infantil vão surgir na Igreja, adverte arcebispo de Canterbury - Instituto Humanitas Unisinos - IHU