21 Fevereiro 2014
Em um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, pesquisadores combinaram análises econômicas com as emissões relacionadas ao comércio bilateral entre China e Estados Unidos. Eles também usaram modelagens de transporte de elementos químicos através da atmosfera para rastrear o fluxo dessa poluição.
A reportagem é de Fernanda B. Müller, do sítio Carbono Brasil, 20-02-2014.
Os resultados mostraram que, não apenas a poluição do ar na China está relacionada à produção de bens e serviços para exportação, como muito dessa poluição acaba se deslocando pela atmosfera até a costa oeste dos Estados Unidos.
Em 2006, 36% do dióxido sulfúrico antropogênico, 27% dos óxidos nitrosos, 22% do monóxido de carbono e 17% do carbono negro emitidos na China foram associados à produção de bens para exportação, aponta o estudo.
Para cada um desses poluentes, cerca de 21% das emissões chinesas relacionadas à exportação foram atribuídas ao comércio entre China e Estados Unidos. Modelagens atmosféricas mostraram que, em média, diariamente, a poluição exportada da China contribuiu para entre 12-24% das concentrações de sulfato no oeste norte-americano.
“Com os Estados Unidos transferindo a produção para a China, a poluição por sulfato em 2006 aumentou no oeste, mas diminuiu no leste do país, refletindo o efeito concorrente entre o incremento da poluição transportada da China e a redução das emissões nos Estados Unidos. Nossas conclusões são relevantes para os esforços internacionais que visam reduzir a poluição transfronteiriça do ar”, concluíram os pesquisadores.
Comércio internacional
O comércio internacional afeta a poluição do ar global, redistribuindo emissões relacionadas à produção de bens e serviços em países em desenvolvimento e alterando a quantidade total de poluentes presentes na atmosfera.
A China, por exemplo, é o maior poluidor mundial, e quantidades mensuráveis dessas emissões são transportadas através da atmosfera para outros locais. Porém, grande parte da poluição é decorrente da produção de bens para consumo no exterior. Isso fica claro, por exemplo, nos Estados Unidos, onde é difícil encontrar nas lojas bens fabricados no país.
A produção para exportação explodiu na China, crescendo 390% entre 2000 e 2007, tornando o país “um grande exportador líquido de produtos industriais intensivos em energia”, aponta o estudo.
“A consideração da cooperação internacional para reduzir o transporte transfroteiriço de poluição do ar deve confrontar a questão de quem é responsável pelas emissões em um país durante a produção de bens para dar suporte ao consumo em outro”, ressaltaram os autores do estudo.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Consumo norte-americano seria responsável por até 21% das emissões de alguns poluentes na China - Instituto Humanitas Unisinos - IHU