Por: Caroline | 04 Fevereiro 2014
“O materialismo prático parece ser, certas vezes, mais perigoso que os sistemas totalitários com os quais tivemos que lidar no passado”. Foi o que disse o arcebispo de Gniezno e Primaz da Polônia, Józef Kowalczyk, no discurso dirigido ao Papa durante o encontro de sábado, dia 01, com o primeiro grupo de religiosos poloneses recebidos na visita “ad limina Apostolorum”.
A reportagem é de Marek Lehnert, publicada por Vatican Insider, 01-02-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte:http://goo.gl/CpkjfJ |
Cerca de 100 bispos da Polônia dividiram-se em cinco grupos; os quatro restantes serão recebidos por Francisco nos próximos dias. O encontro com todos eles será realizado na próxima sexta-feira, dia 07 de fevereiro, antes da sua volta a pátria.
Kowalczyk falou sobre as dificuldades que os bispos da Polônia enfrentam na nova realidade da sua nação, admitindo que “por ter crescido na realidade do socialismo real” não é fácil “elaborar um novo estilo de trabalho pastoral no sistema democrático de economia de mercado e do dominante materialismo prático”.
O Primaz também falou sobre as dificuldades que a população está passando, como o desemprego e o aumento do abismo entre ricos e pobres. Também lamentou a influência do espírito do tempo na população polonesa, que se declara majoritariamente católica (cerca de 90%), mas que em seu cotidiano segue os modelos opostos ao plano de Deus. Destacou que as pessoas, apesar de não negarem diretamente ao Senhor, não conseguem traduzir a fé na vida cotidiana, em que se nota um perigoso dualismo entre fé e a vida prática. As pessoas abandonam com facilidade as práticas religiosas, começando pela missa dominical; há muita indiferença religiosa, relativismo moral, corrupção, criminalidade, uma forma seletiva de tratar as verdades da fé, deixando que se dilua a consciência do pecado. São particularmente dolorosas, segundo o religioso polonês, as mudanças relacionadas à vida matrimonial e familiar. Aumenta o número de uniões irregulares e diminui o número de filhos.
Antes da viagem ao Vaticano, o mesmo arcebispo Kowalczyk viu-se envolvido em uma polêmica com um grupo de religiosos que queria falar com o Papa sobre as problemáticas relações entre a Igreja e o Estado, na Polônia. O atual Primaz foi, durante vários anos, colaborador de João Paulo II e, durante mais de quatro décadas, Núncio apostólico em Varsóvia.
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Os bispos poloneses e o Papa: “O materialismo é mais perigoso que o comunismo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU