A marca de Zuppi, das ruas para a liturgia. Entrevista com Vito Mancuso

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16 Dezembro 2015

"Um padre das ruas e do altar, um bispo pastoral e contemplativo." A fotografia do novo arcebispo Matteo Zuppi tirada por Vito Mancuso é essa. Diz o teólogo que o que mais o impressionou do novo prelado de Bolonha é o seu modo de celebrar a liturgia. "Ao altar, ele não é nada um padre das ruas. Ele escolhe as palavras com precisão, nunca é banal ou repetitivo. Sabe sintetizar na sua pessoa a dimensão popular 'horizontal', com a 'verticalidade' da liturgia", explica.

A reportagem é de Valerio Varesi, publicada no jornal La Repubblica – Bologna, 15-12-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O padre das ruas se amalgama com o fino "dizedor" da palavra de Deus. Certamente, é um homem de ruptura em relação ao passado desde a sua primeira abordagem. Se Giacomo Biffi, em junho de 1984, e Carlo Caffara, em fevereiro de 2004, se apresentaram seguindo uma direção marcada pelo ritual religioso canônico, com discurso na sacada da Basílica de São Petrônio e missa na catedral, Zuppi celebrou a sua primeira função justamente na basílica.

Uma variante nada desprovida de significado. "São Petrônio – retoma Mancuso – é a igreja principal da cidade, a catedral é o lugar principal para a Igreja." Pode ser uma sutileza, mas daquelas que importam.

O estilo com que ele se apresentou, no entanto, é inequivocamente distante do protocolo usual dessas ocasiões. "Eu me lembro de quando o cardeal Martini se apresentou em Milão com o Evangelho nas mãos", afirma Mancuso. "Ele queria ser o bispo da palavra. Zuppi não tinha nada nas mãos, salvo as mãos daqueles que o cumprimentavam. Totalmente contracorrente. Nos seminários, ensinam que, no primeiro encargo, não se deve agir, mas olhar e escutar. Ele, ao contrário, foi ao encontro dos operários da Saeco, ao refeitório dos pobres... E como não notar que o primeiro lugar que ele visitou foi a estação? Eis: uma Igreja que quer ser 'hospital de campanha', como disse o papa, deve ir lá onde há feridas. E qual ferida é maior do que a da estação?"

Zuppi que beija as crianças, Zuppi que cumprimenta os fiéis um por um, Zuppi que visita aqueles que estão doentes, em um caminhar que subverte todo protocolo. "É o seu estilo – comenta Mancuso –, o de Francisco, em que se privilegia o encontro com a pessoa. O encontro é superior a todo protocolo. A humanidade é o principal sacramento. Esse seu correr não tem a finalidade de se mostrar, mas sim de encontrar."

Mas o novo curso do prelado não para por aí. Há a escolha de viver na casa dos padres idosos, em vez da Via Altabella, como o papa que decidiu morar em Santa Marta. "Biffi e Caffara eram homens da Igreja. Zuppi é alguém a serviço da cidade como homem da Igreja", especifica o teólogo.

"E, depois, quem citaria Lucio Dalla com aquela frase: 'avrei bisogno di pregare anch’io' [eu também precisaria rezar]? Caffara, que não quis celebrar o funeral de Dalla, nunca a teria proferido."

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