25 Março 2015
"O governo Lula e Dilma conseguiu libertar muitos milhões de pobres das correntes da miséria. Eles começaram a crescer e é exatamente isto que não agrada aos ricos. Os ricos querem dar uma lição a estes pobres, para que eles voltem ao lugar deles", escreve Marianne Spiller, fundadora da ONG Fundação Vida para todos – ABAI com sede em Mandirituba, Paraná.
Eis o artigo.
Eu não conseguia entender como uma coisa tão terrivelmente cruel como a ditadura militar pode se instalar no Brasil. Como um homem normal pode se tornar um torturador? Até o dia que eu fiz um curso de Fé e Política no Cepat em Curitiba e o professor explicou o seguinte:
No Brasil a industrialização aconteceu de forma muito rápida. Em pouco tempo os operários das grandes fábricas começaram a progredir e crescer. Eles tinham condições para sair da miséria.
Mas esta situação desagradou a muita gente, principalmente aos ricos. E isto foi uma das raízes da eclosão da ditadura militar: Ela veio para dar um golpe nos pobres para impedir e impossibilitar que eles possam crescer e sair da pobreza. Vocês lembram daquele discurso inflamado, que o Presidente eleito João Goulart fez alguns dias antes do golpe, pedindo e planejando uma reforma agrária ampla e outras reformas em benefício dos pobres ? Por esta coragem e visão de futuro ele pagou com a vida e o Brasil com a Ditadura.
Hoje eu vejo fenômenos parecidos. O governo Lula e Dilma conseguiu libertar muitos milhões de pobres das correntes da miséria. Eles começaram a crescer e é exatamente isto que não agrada aos ricos. Os ricos querem dar uma lição a estes pobres, para que eles voltem ao lugar deles. Ao meu ver esta onda de ódio agudo dos ricos contra o PT e a Presidenta Dilma tem a ver com esta situação. É novamente a guerra dos ricos contra os pobres.
Como nós vivemos em um país de religião majoritariamente cristã, os ricos não podem dizer abertamente que o governo não deveria ter ajudado os pobres. Este discurso não seria legal. Por isto eles precisam usar outros argumentos. Eles se agarraram à corrupção da Petrobrás, ao Mensalão e a outras falhas para acabar com o PT, não por indignação sincera e sentimento ético, mas por oportunismo e hipocrisia. Eles sabem muito bem que esta corrupção é uma praxe brasileira de décadas e séculos. Eles não ignoram que também cometeram este tipo de corrupção, igual ou até maior. Mas eles fazem um uso perverso da informação da corrupção alheia, como justificativa para acabar com o PT e para sangrar a Presidente Dilma, como disse certo deputado do partido oposicionista.
Não é somente no plano nacional que existe esta guerra dos ricos contra os pobres. No plano geopolítico acontece o mesmo. As nações ricas e poderosas, entre elas principalmente os Estados Unidos, não simpatizam com a libertação dos pobres, o crescimento e a autonomia dos países na América Latina. Eles tem medo da aliança do Brasil com os países socialistas como Cuba, Venezuela e os países andinos . Eles temem o poder emergente dos BRICS, onde o Brasil tem um papel importante. De muitas formas abertas como também ocultas, eles apoiam e incentivam um possível golpe contra o governo do Brasil. Não podemos esquecer que a América Latina tem uma história de golpes efetivados como também fracassados.
Enquanto durar esta guerra dos ricos contra os pobres, não existe solução. Enquanto a doença, que está na base dos sintomas, não estiver diagnosticada e tratada, a história sempre se repetirá. “Até quando durará esta tragédia?” escreveu o grande humanista francês Abbé Pierre (1912 – 2007) em seu último livro (Mon Dieu ... pourquoi ? Editora Plon, 2005)
A única saída está em uma educação para a Ética. O professor de Ética suíço Thomas Groebly é autor de um livro com o título: “ O futuro será ético, ou não existirá “ (Die Zukunft ist ethisch – oder gar nicht, Editora Waldvogel, 2010)
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A guerra dos ricos contra os pobres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU