Por: André | 19 Março 2015
Em dois anos de pontificado, Francisco impôs uma liberdade de expressão e uma simplicidade que suscitam um entusiasmo global. Para François Bayrou (foto), que se expressa aqui a título pessoal, o que impressiona no papa é o seu espírito de infância.
Fonte: http://bit.ly/1BVP1vf |
François Bayrou, político francês, ex-ministro da Educação de três governos liderados pela direita. Atualmente é prefeito de Pau, no interior da França.
A reportagem é de Marie-Lucile Kubacki e publicada pela revista francesa La Vie, 04-03-2015. A tradução é de André Langer.
“Sua eleição, como não é raro acontecer na história recente da Igreja, foi uma grande surpresa, e os fiéis dizem que houve algo de providencial nessa escolha. Meu sentimento mais profundo é que uma das características da Providência é que ela é bem humorada. Ora, sente-se nesse homem como uma risada e no meio dessas coisas tão importantes e pesadas do mundo, nós temos realmente necessidade de boas risadas. O riso de quem não se deixa prender por nenhuma convenção. Assim, a primeira coisa que me impressiona nele é seu espírito de infância. Ele diz sem rodeios as coisas mais chocantes e revolucionárias que são as coisas evangélicas. Isso provoca terremotos...
Quando as organizações estão muito codificadas, muito organizadas, quando elas se curvam sob o peso das redes, ele chega e diz a verdade evangélica. Muitas vidas humanas são dilaceradas por coisas que vêm da infância, portanto, da origem: o que me liga com aqueles que me precederam? Sou amado? E as feridas da sociedade são, para muitos indivíduos, aquelas ligadas à infância, à origem, feridas das quais resulta o a repulsa do outro. Todo o seu discurso é um apelo para voltar às fontes, que são: ‘Quem quer que seja, eu te amo’. Diante deste sofrimento, ele lembra que Cristo, acima de tudo, busca curar: ‘Vai, tua fé te salvou’. A regra mundana, bem como a regra da simples moral legalista ou codificada, só pode dar lugar ao mais profundo da revolução evangélica que é ‘eu te amo’.
Sua palavra no sistema tradicional, clássico ou experimentado da Igreja, é antissistema. É daí que vem o olhar afetuoso que tantas pessoas têm por ele. Ele vem ao encontro da expectativa de renovação das pessoas. Ele é da nossa família europeia, mas é também missionário, porque foi recarregar sua fé e sua visão de mundo nesse grande continente que é a América Latina. Ele encarna a catolicidade da Igreja no sentido de que ela é sem fronteiras. Ele se interroga: será que eu compreendo o que dizem? E nos interroga: será que eu compreendo o que diz a Igreja? É compreensível. Ele compreendeu que a suprema estratégia era não enganar. Abrir a porta e não negociar com a porta.”
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“Sentimos o Papa Francisco como uma risada”, diz François Bayrou - Instituto Humanitas Unisinos - IHU