China diz que Dalai Lama “profana” o budismo ao duvidar de sua reencarnação

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11 Março 2015

O Dalai Lama está profanando o budismo ao sugerir que não irá reencarnar quando morrer, disse o governador do Tibete nomeado pela China nesta segunda-feira (dia 9 de março), em um dos comentários mais duros do país até o momento sobre o assunto.

A reportagem foi publicada pelo Reuters, 09-03-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O budismo tibetano sustenta que a alma de um lama mais velho reencarna no corpo de uma criança no momento de sua morte. A China diz que a tradição deve continuar e que o seu governo deve aprovar o próximo Dalai Lama.

Mas o vencedor do Prêmio Nobel, que fugiu de sua terra natal em 1959 após uma rebelião fracassada contra o governo chinês, disse pensar que o título poderá acabar quanto ele morrer.

Ele também declarou que não renascerá na China se o Tibete não estiver livre e que ninguém, incluindo o governo chinês, tem o direito de escolher o seu sucessor “para fins políticos”.

Falando no encontro anual do parlamento, o governador do Tibete, Padma Choling, acusou o Dalai Lama de mudar de ideia em seus variados pronunciamentos sobre o assunto, bem como de hipocrisia.

“Se o governo central não tivesse aprovado, como ele teria se tornado o 14º Dalai Lama? Ele não teria sido”, disse a jornalistas Padma Choling, ele próprio um tibetano.

“Na verdade, penso que ele – Dalai Lama – está profanando a religião e o budismo tibetano”, falou, acrescentando que o líder religioso estava tentando usurpar o direito de decisão que Pequim possui.

“Não haverá reencarnação porque ele diz que não há? Impossível. Ninguém no budismo tibetano vai concordar com isso”, e concluiu dizendo: “Devemos respeitar a história, respeitar e não profanar o budismo tibetano”.

Exilados do Tibete temem que a China poderá simplesmente nomear um sucessor. Em 1995, depois que o Dalai Lama nomeou um rapaz no Tibete como a reencarnação do Panchen Lama anterior – a segunda figura mais alta na hierarquia do budismo tibetano –, a China pôs o rapaz sob prisão domiciliar e instalou um outro em seu lugar.

Muitos tibetanos rejeitam o Panchen Lama apontado pela China como falso.

O Partido Comunista, oficialmente ateu, diz ter herdado o direito dos antigos imperadores de reconhecer as reencarnações, embora haja uma disputa histórica sobre o quão importante este costume era em tempos antigos.

A China rejeita as críticas feitas a respeito de sua política no Tibete, dizendo que o seu governo, desde que tropas chinesas comunistas “libertaram pacificamente” a região em 1950, acabou com a servidão e trouxe desenvolvimento a uma área atrasada, assolada pela pobreza.

Pequim diz que o Dalai Lama, líder fugido para a Índia após uma rebelião em 1959, é um “lobo em pede de cordeiro” que busca empregar métodos violentos para estabelecer um Tibete independente. O Dalai Lala diz que apenas quer uma autonomia genuína para o Tibete e nega defender a independência ou violência.