Deus acolhe os «impuros»

Mais Lidos

  • “A América Latina é a região que está promovendo a agenda de gênero da maneira mais sofisticada”. Entrevista com Bibiana Aído, diretora-geral da ONU Mulheres

    LER MAIS
  • A COP30 confirmou o que já sabíamos: só os pobres querem e podem salvar o planeta. Artigo de Jelson Oliveira

    LER MAIS
  • A formação seminarística forma bons padres? Artigo de Elcio A. Cordeiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

14 Fevereiro 2015

leproso-

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1, 40-45 que corresponde ao 6º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

{mp3}marcos-1-40-45{/mp3}

Locutor: Gilberto Faggion

Eis o texto

De forma inesperada, um leproso «aproxima-se de Jesus». Segundo a lei, não pode entrar em contato com ninguém. É um «impuro» e tem de viver isolado. Tampouco pode entrar no templo. Como pode Deus acolher na Sua presença a um ser tão repugnante? O seu destino é viver excluído. Assim estabelece a lei.

Apesar de tudo, este leproso desesperado atreve-se a desafiar todas as normas. Sabe que está a agir mal. Por isso se coloca de joelhos. Não se arrisca a falar com Jesus de frente. Desde o chão, faz esta súplica: «Se queres, podes limpar-me». Sabe que Jesus o pode curar, mas quererá limpá-lo? Atrever-se-á a tirá-lo da exclusão a que está submetido em nome de Deus?

Surpreende a emoção que se produz em Jesus próximo do leproso. Não se horroriza nem recua. Ante a situação daquele pobre homem, «comove-se no Seu intimo». A ternura desborda. Como não irá querer limpá-lo, Ele que só vive movido pela compaixão de Deus para com os Seus filhos e filhas mais indefesos e desprezados?

Sem qualquer dúvida, «estende a mão» para aquele homem e «toca» a sua pele desprezada pelos puros. Sabe que está proibido pela lei e que, com este gesto, reafirma a transgressão iniciada pelo leproso. Só o move a compaixão: «Quero: fica limpo».

Isto é o que quer o Deus encarnado em Jesus: limpar o mundo de exclusões que vão contra a Sua compaixão de Pai. Não é Deus quem exclui, mas as nossas leis e instituições. Não é Deus quem margina, mas nós. No futuro, todos têm de ter claro que ninguém deve ser excluído em nome Jesus.

Segui-Lo significa não horrorizar-nos ante nenhum impuro nem impura. Não retirar  nenhum «excluído» de nosso acolhimento. Para Jesus, em primeiro lugar está a pessoa que sofre e não a regra. Colocar sempre à frente a regra é a melhor forma de ir perdendo a sensibilidade de Jesus ante os desprezados e rejeitados. A melhor forma de viver sem compaixão.

Em poucos lugares é mais reconhecível o Espírito de Jesus do que nessas pessoas que oferecem apoio e amizade gratuita a prostitutas indefesas; que acompanham doentes de AIDS esquecidos por todos, que defendem a homossexuais que não podem viver dignamente a sua condição... Eles recordam-nos que no coração de Deus cabem todos.