Por: André | 09 Fevereiro 2015
É um brasileiro, Pe. Valdir José de Castro (foto), de 54 anos, o novo superior geral da Pia Sociedade de São Paulo, sétimo sucessor do beato Tiago Alberione. Pela primeira vez, os 60 membros do Capítulo Geral, reunido em Ariccia (na Casa do Divino Mestre, a mesma onde o Papa Francisco fará seus exercícios espirituais no próximo dia 22 de fevereiro, como no ano passado), elegeram um não italiano. O Pe. Valdir foi eleito com a maioria exigida de dois terços dos votos na segunda votação, na quarta-feira 04 de fevereiro. Seu pai, Francisco Pereira de Castro, era português; sua mãe, Therezinha Zuccolo, é de origem italiana, mas nasceu no Brasil. A avó do Pe. Valdir, Magda, migrou de Como, Itália, para o Brasil. Mas nunca conheceu os seus parentes italianos. Tem três irmãos e cinco sobrinhos.
Fonte: http://bit.ly/1EMa4md |
Entrou no seminário paulino de São Paulo, em 1979, e foi ordenado sacerdote em 1987. Obteve a licenciatura em Jornalismo com uma tese sobre publicidade. Nos últimos anos dirigia em São Paulo a Faculdade de Tecnologia e Comunicação, uma das escolas de Jornalismo mais conceituadas do Brasil, com mais de mil estudantes. Os Paulinos estão presentes em 38 países. A Congregação foi fundada pelo Pe. Tiago Alberione, beato da Igreja católica, há 100 anos, no dia 20 de agosto de 1914, em Alba. O Pe. Valdir, após tomar conhecimento da sua eleição, foi rezar na sepultura do beato Alberione, em companhia do cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini.
As revistas Famiglia Cristiana e Credere, editadas pela Pia Sociedade de São Paulo, reuniram-se com o novo superior geral. Este é um trecho da entrevista de Alberto Bobbio e Saverio Gaeta, que será publicada na íntegra nos respectivos números desta semana.
“Claro, é uma grande emoção e responsabilidade”, disse o Pe. Valdir. “Mas eu o interpreto como um sinal: o Brasil, justamente partindo da cidade de São Paulo, foi a primeira província que o nosso fundador abriu no exterior, no dia 20 de agosto de 1931. E então, eu e meus irmãos brasileiros somos hoje o testemunho de que essa semente plantada há 75 anos deu frutos”.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi e publicada no sítio Vatican Insdider, 06-02-2015. A tradução é de André Langer.
Eis a entrevista.
Pe. Valdir, como percebeu o chamado ao sacerdócio? E por que nos paulinos?
Desde criança, quando era coroinha na minha paróquia, sentia o desejo de me consagrar ao Senhor. Mas não tinha claro em qual seminário entrar, se no diocesano ou em alguma congregação específica. Cursei os estudos superiores normais e, em 1978, um amigo, o paulino Antonio Carlos, convidou-me para a sua ordenação sacerdotal. Durante aquela cerimônia me informei um pouco mais sobre o carisma da Pia Sociedade de São Paulo e decidi: “Quero ser sacerdote como ele, com esta precisa missão da comunicação do Evangelho”.
Você era superior do Brasil, mas antes também foi o superior da província da Argentina-Chile-Peru, com sede em Buenos Aires. Teve ocasião de conhecer o então Jorge Mario Bergoglio?
Claro. Lembro em particular do primeiro encontro, quando fomos juntos ver o nosso geral Pe. Silvio Sassi. Recebeu-nos com muita simplicidade e cordialidade, afirmando que apreciava muito o compromisso dos Paulinos. Explanou sobre todos os meios de comunicação de Buenos Aires [...] Nestes dias, não tive a oportunidade de falar com ele, mas o receberei em Ariccia quando vier para fazer os exercícios espirituais.
E agora você é o primeiro sucessor não italiano do Pe. Tiago Alberione...
Alberione era uma pessoa, como dizemos no Brasil, “antenada”, um precursor. Participava dos congressos de Sociologia, dava importância às questões políticas, ao estudo da Filosofia, além da Teologia. E, sobretudo, estava preocupado em como comunicar o Evangelho em um mundo em mudança. No Brasil, abriu a primeira comunidade da Congregação fora da Itália. Agora, enquanto a Congregação festeja os 100 anos da intuição do Pe. Alberione, eu me converto em seu sucessor. É um sonho para mim.
Em que sentido?
Hoje, se a Igreja quer seguir falando às pessoas, não pode se acomodar sobre as certezas do passado, isto é, sobre as formas clássicas de comunicação do Evangelho, nem pensar que é suficiente utilizar as novas tecnologias digitais, cujas técnicas aprendemos bem. Nós devemos ajudar àqueles que comunicam, sejam jornalistas, políticos ou sacerdotes, para que desenvolvam uma formação crítica, a forjar uma opinião que não seja a dos demais, a misturar a Filosofia com a Comunicação. Ou seja, devemos preparar profissionais não apenas para o mercado. Hoje, ter um telefone inteligente e estar sempre conectado não é nem um privilégio nem uma necessidade. É um direito. Mas há muitas pessoas que continuam excluídas deste direito. Pois bem, nós devemos explicar como exercer com responsabilidade esse direito para tratar de estendê-lo aos demais. Há também periferias digitais. Nós, na universidade, ensinamos justamente isto, que é o novo desafio da identidade paulina.
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“Devemos preparar profissionais não apenas para o mercado”. Entrevista com o Pe. Valdir José de Castro, novo superior geral dos Padres e Irmãos Paulinos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU