19 Dezembro 2023
Especialista em mudanças climáticas Carlos Sanquetta, adverte que os efeitos do fenômeno El Nino devem se intensificar em janeiro e estão sendo agravados pelas mudanças climáticas.
O release é da Agência Broto Comunicação, 18-12-2023.
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu na última semana mais um alerta de onda de calor que o Brasil enfrenta, com as temperaturas batendo a casa dos 40ºC em sete estados de todo o país. Este foi o nono aleta do ano e entre os locais mais atingidos, estão Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, sul do Mato Grosso, norte de São Paulo, grande parte de Minas Gerais, sul do Tocantins e oeste da Bahia. O fator apontado como causador desses eventos extremos recentes é o fenômeno conhecido como El Niño, que é uma variação natural do clima, caracterizada pela elevação da temperatura média da água do Oceano Pacífico em pelo menos 0,5 grau por três meses consecutivos.
Isso acontece porque o verão, que normalmente oscila entre calor e chuva, será mais seco no próximo ano. As regiões Norte, Nordeste e o Centro do país devem ter temperaturas muito mais altas que o habitual. Para o Dr. Carlos Sanquetta, Ph.D. em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o fenômeno El Niño pode estar sendo agravado pelas mudanças climáticas oriundas das ações humanas. “Alguns estudos já indicam a ligação entre o aumento na frequência e intensidade dos efeitos dos fenômenos como El Nino e as mudanças climáticas causadas a elevação das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera”, destaca o professor.
Além do El Niño, vale ressaltar que o verão só inicia oficialmente no dia 22 de dezembro e esse já é um dos anos mais quentes da história. Segundo o Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, até os anos 1990, eram sete dias em média de ondas de calor que atingiam a Terra. Enquanto isso, os dados mais recentes indicam mais de 50 dias de calor atípico em média por ano.
De 1961 a 1990: 7 dias
1991 e 2000: 20 dias
De 2001 a 2010: 40 dias
2011 e 2020: 52 dias
De acordo com Sanquetta, "a onda de calor é mais um duro lembrete da crise climática e da nossa responsabilidade em relação a ela. Redução das emissões de gases de efeito estufa, remoção do excesso desses gases já presentes na atmosfera e ações de adaptação as mudanças do clima são imperativas e não podem mais ser adiadas”.
Um outro agravante das fortes ondas de calor, é o alerta de instabilidade climática que pode provocar fortes chuvas e rajadas de vento. A tempestade que deixou 50 mil pessoas sem energia em Buenos Aires, na Argentina, neste domingo, pode estar vindo em direção ao Brasil. A instabilidade se formou por conta do calor severo do fim de semana, segundo o MetSul, e o padrão deve se repetir em território nacional.
Carlos Sanquetta é pesquisador e professor universitário com 38 anos de experiência profissional, especialista em Mudanças Climáticas e Mercado de Carbono. É Ph.D. em Ecologia e Manejo de Recursos Florestais (Japão) e em Manejo Florestal e Mudanças Climáticas (Portugal). Sanquetta também desenvolve um importante trabalho no cenário internacional como integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Além disso, é representante do Brasil na International Organization for Standardization (ISO) e autor de mais de 30 livros e mais de 50 artigos científicos. Hoje, além de professor titular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cargo que exerce há 29 anos, Sanquetta também atua como educador digital sobre o mercado de créditos de carbono e já soma mais de 1.000 mil alunos. Além da experiência acadêmica, o paranaense também atua de forma prática no mercado com a elaboração de inúmeros inventários de emissões de gases de efeito estufa e projetos de créditos de carbono.
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Super El Niño: Brasil já enfrenta a nona onda de calor antes mesmo do início do verão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU