16 Novembro 2023
"Pastores que caminharam com o mentiroso [Bolsonaro] e até fizeram campanha para ele, caíram numa amnésia providencial", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Pastores neopentecostais, de mega igrejas, seguidamente trazem para o altar, ou palco, a prova de sua força de oração, apresentando cadeirante que já não precisa mais da cadeira de rodas, aquela senhora que usava muletas para se locomover e agora não usa mais esse apoio, o cidadão que tinha câncer e, com os exames clínicos em mãos, mostra que está zerado..
Mas com todo esse poder, esses pastores não conseguiram com suas orações salvar mentirosos. Poderiam ter ganhado espaço na mídia internacional se tivessem feito esse milagre trazendo ao palco Jair Messias Bolsonaro. Levantamento da agência de checagem Aos Fatos mostrou que em 1.185 dias como presidente da República ele emitiu 5.145 mentiras.
Agora, ele aproveitou a “onda” da libertação dos brasileiros da faixa de Gaza, e dá a entender que foi um dos artífices da liberação desse pessoal. Pesquisa Quaest levantou que 23% dos brasileiros acreditam que foi pela mão do ex-presidente que os brasileiros saíram daquele inferno. Será que foi o Bozo que também enviou o avião da FAB recolher os brasileiros?
A “mentirite” do político é tamanha que em 2019, o 1º de abril, considerado Dia da Mentira, ganhou uma nova hashtgag #BolsonaroDay, e foi o quarto assunto mais comentado no Twitter mundial. Já imaginaram a repercussão de tal milagre, se esses pastores tivessem conseguido curar um mentiroso e fazer dele uma pessoa veraz? Seria, provavelmente, um dos assuntos mais comentados em redes sociais e os curandeiros subiriam o pódio da fama!
Mas não chegou a esse ponto. Pastores que caminharam com o mentiroso e até fizeram campanha para ele, caíram numa amnésia providencial. Não se lembraram das famosas rachadinhas. Como candidato, falou do kit gay e da mamadeira de piroca que seu adversário político teria distribuído às escolas. Eleito, alguns pastores participaram, inclusive, no que o colunista Ruy Castro denominou de “quiosque do MEC para a venda de Bíblias”.
O evangelho, para tais, como se vê, é mutante, embora vivam se apegando a passagens do Antigo Testamento exaltando o Senhor dos Exércitos, como que para justificar uma das principais realizações do governo passado: armar o povo.
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Este milagre eles ainda não conseguiram. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU