• Mais uma vez, a violência atingiu Chihuahua, no México; poucos dias depois do aniversário de um ano do assassinato dos jesuítas Javier Campos e Joaquín Mora, de 79 e 80 anos, respectivamente, e um guia turístico que tentaram proteger de um chefão do crime local.
  
  
• Em 5 de junho, um grupo criminoso atacou com armas de fogo uma pequena paróquia da diocese de Tarahumara.

A reportagem é de Jimena Hernández, publicada por Religión Digital, 07-06-2023.

Na comunidade de Santa Anita, município de Guachochi, Chihuahua, em meio a um confronto, um grupo criminoso atacou a humilde igreja da comunidade de Santa Anita, pertencente à diocese de Tarahumara, a mais pobre do país.

Segundo o Ministério Público Estadual, os fatos ocorreram ao meio-dia desta segunda-feira, 5 de junho. Mais de 700 cápsulas de diferentes calibres foram encontradas na área. A fachada do templo acabou perfurada por mais de uma centena de balas, muitas das quais penetraram no templo, danificando paredes, imagens e móveis.

Em plena luz do dia, os criminosos deixaram para trás o corpo de uma pessoa decapitada.

No dia seguinte, ao saber do ocorrido, o pároco da Catedral de Nossa Senhora de Guadalupe, em Guachochi, foi a Santa Anita, onde encontrou um povoado deserto e três crianças de diferentes idades abandonadas à própria sorte, a quem levou com ele para a catedral.

"Encontramos esses eventos infelizes, eles atiraram no templo, deixaram uma pessoa decapitada do lado de fora, uma van queimada (...) o templo está completamente baleado por dentro e por fora", disse ele em um vídeo que postou em seu Twitter e no Facebook.

O padre Enrique voltou-se para os criminosos, pedindo-lhes que parassem imediatamente com a violência.

"Eu vos imploro, queridos irmãos, porque apesar de tudo amamos vocês, aqueles que causam sofrimento e morte em nossas comunidades, peço-lhes em nome de Deus (...) deponham suas armas, parem de ferir nossa comunidade. Somos irmãos da mesma cidade, somos irmãos deste mesmo país. Isso não é justo, isso não é correto, eles feriram o que há de mais sagrado em uma comunidade, que é o seu templo”.

O sacerdote também pediu às autoridades que façam o seu trabalho, “que se encarreguem disto, que assumam o seu papel, que nos ajudem” e rezou a Deus para lhes dar sabedoria para fazer o seu trabalho e defender as comunidades.

Segundo a Procuradoria Geral do Estado de Chihuahua, “ele ordenou uma operação integrada por membros da Agência Estatal de Investigações (AEI), da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSPE), do Exército Mexicano, da Guarda Nacional e da Segurança Pública municipal”.

O município de Guachochi faz parte da diocese de Tarahumara, o mesmo território eclesial em que foram assassinados os padres jesuítas Javier Campos e Joaquín Mora, junto com os leigos Pedro Palma e Paul Berrelleza.

As comunidades de Guachochi, onde ocorreu o ataque ao templo nesta segunda-feira, e de Cerocahui, onde os jesuítas foram mortos, estão a pouco mais de 250 quilômetros de distância, embora as complicações da estrada façam com que o tempo de transferência seja em torno de 5h30.

Leia mais

• México. Jesuítas lamentam esses cinco meses de impunidade pelo assassinato de dois padres
• México. Jesuítas condenam monitoramento militar de religiosos após assassinato de padres
• México. Jesuítas lamentam que Estado não garanta a justiça. Três meses após o assassinato de jesuítas
• México. Jesuítas rompem o diálogo com governo de Chihuahua
• México mostra sua indignação pelo assassinato e roubo dos corpos dos jesuítas
• México. Dois padres jesuítas são assassinados em uma igreja em Chihuahua
• México. Javier Campos Morales e Joaquín César Mora Salazar: quem eram os dois jesuítas que deram suas vidas às comunidades tarahumaras
• México. La lucha de la etnia Rarámuri o Tarahumara por la que fue asesinado el ambientalista mexicano Isidro Baldenegro