09 Mai 2023
A amizade duplica as alegrias e divide as angústias pela metade.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 07-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Quando se trata de amizade, o risco sempre à espreita é o da repetição e sobretudo da retórica. Esse tema, de fato, encheu uma infinidade de páginas e lotou as prateleiras das livrarias. Mesmo com a nossa citação corremos esse risco, apesar de quem fala aqui é um grande pensador inglês, Francis Bacon, que viveu entre os séculos XVI e XVII. Tendo sido também um político de destaque, ele consegue nos dizer algo sobre os verdadeiros amigos, consciente como era de viver em um covil de víboras: não por nada foi preso e depois agraciado.
A sua observação baseia-se numa única condição, ou seja, que se trate de uma amizade autêntica e comprovada. Só neste caso se confirma o que Manzoni escreveu no capítulo XI de Os Noivos: “A amizade é uma das maiores consolações desta vida; e uma das consolações da amizade é ter a quem confiar um segredo”.
Só assim se completa a equação sugerida por Bacon: as alegrias dobradas, as angústias reduzidas à metade. Mas a primeira componente merece uma nota crítica, fácil de verificar.
Expresso-a com uma passagem dos Novos contos romanos de Alberto Moravia (1959): “Dizem que os amigos se confirmam nas dificuldades, quando deles se precisa... Mas eu digo que, ao contrário, você sabe que tem um amigo na sorte, quando tudo dá certo para você, e o amigo fica para trás e você avança e cada passo que você avança é para o amigo como uma repreensão ou até mesmo um insulto. Então você o vê, o amigo. Se ele for realmente seu amigo, ele se alegra com sua boa sorte, sem reservas. Mas se ele não for realmente seu amigo, o verme da inveja entra em seu coração e o rói".
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#o verdadeiro amigo. Comentário de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU