16 Dezembro 2022
O Exército volta a disparar contra a capital Kiev, mas a defesa antiaérea neutraliza muitos ataques. E agora poderiam estar chegando os Patriots estadunidenses.
A reportagem é de Lorenzo Cremonesi, publicada por Corriere della Sera, 15-12-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Estado-Maior russo volta a atirar contra a região de Kiev e suas infraestruturas civis. “Não haverá trégua de Natal”, anunciam do Kremlin. Mas a boa notícia para os ucranianos é que os sistemas nacionais de defesa antiaérea parecem ter melhorado consideravelmente e agora a grande maioria dos ataques é frustrada por foguetes terra-ar e intervenção da força aérea. Quase dez meses após o início da invasão militar de Vladimir Putin, a Ucrânia mantém um alto grau de controle de seu espaço aéreo.
Os dados falam por si. Na madrugada de ontem, 13 drones kamikaze Shahed de fabricação iraniana foram abatidos nos céus da capital antes que pudessem atingir seus alvos. "Um sucesso de 100%, todos os drones disparados hoje foram parados", especificam os comandos militares locais. Os destroços dos drones caíram na área urbana, danificando pelo menos cinco condomínios residenciais e dois prédios da administração pública no distrito central de Schevchenkivskyi. Não há vítimas, mas apenas danos limitados às estruturas; as redes de água e eletricidade não foram atingidas.
Mais uma vez, os altos comandos ucranianos demonstram um alto grau de eficiência ao enfrentar as mudanças das estratégias de ataque russas. De fato, desde a segunda quinzena de outubro, Moscou se concentra em atacar as infraestruturas civis com o objetivo declarado de forçar a população ao frio e à escuridão no auge do inverno.
A primeira onda combinada maciça de mísseis e drones disparados em 10 de outubro viu os ucranianos em grave dificuldade, com uma taxa de sucesso de 54&. Na época, mais de 75% da rede nacional de energia foi temporariamente colocada fora de funcionamento. Mas, em 23 de novembro, a taxa de sucesso de abate já havia subido para 76%. E no momento dos últimos grandes bombardeios, em 5 de dezembro, havia melhorado ainda mais para 87%.
De acordo com Kyrylo Budanov, chefe da inteligência militar, a Rússia disparou 330 drones iranianos em outubro e 222 deles foram abatidos. "Os ataques terroristas do inimigo não vão nos deter", repete o presidente Zelensky em seus discursos públicos. A Força Aérea intensificou o treinamento de artilheiros e pilotos, embora o governo de Kiev continue pedindo aos aliados que enviem sistemas avançados para mísseis terra-ar.
Os estadunidenses estariam, de fato, prestes a enviar uma bateria de mísseis Patriots de nova geração, entre os melhores do mundo. Mas ainda levará alguns meses para que os artilheiros ucranianos possam ser treinados para seu uso em um dos quartéis da OTAN na Alemanha.
Nesse ínterim, porém, a guerra não para no front leste do Donbass e naquele meridional ao longo do Dnipro a leste de Kherson. As tropas ucranianas continuam a defender a zona ao redor da cidade de Bakhmut e avançam para cercá-la pelas costas em direção a Lugansk. Combates de artilharia também ocorrem na cidade de Melitopol. Aqui os ucranianos estão trabalhando para cortar as rotas de abastecimento para as tropas russas que se posicionaram na linha de frente com um complexo sistema de trincheiras, bunkers, campos minados e barricadas de madeira visando impedir o avanço dos veículos blindados.
Em comparação com a lógica dos primeiros meses, a situação mudou totalmente: os russos insistem em defender as terras recém-conquistadas e, ao contrário, os ucranianos estão na ofensiva para libertá-las. Oficiais ucranianos responsáveis pelas investigações sobre abusos de civis por parte das tropas russas afirmam ter provas da existência de "câmaras de tortura para crianças" na aldeia de Balakliya, ao sul de Kharkiv.
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Bombas sobre Kiev, o anúncio do Kremlin: “Sem trégua no Natal” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU