25 Agosto 2022
A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) para a América Latina, com o apoio do Fundo Canadá para Iniciativas Locais (FCIL), vai acompanhar os episódios de violência contra jornalistas durante a campanha eleitoral, iniciando em 16 de agosto e com término em 30 de outubro, até um eventual segundo turno para a escolha da presidência da República.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A iniciativa está sendo desenvolvida em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo. Até o final do segundo turno, informou o diretor da RSF para a América Latina, Emmanuel Colombié, mais de 100 contas de jornalistas, influenciadores, autoridades públicas e candidatos no Twitter e Facebook serão monitoradas diariamente.
"Uma análise aprofundada e um monitoramento sistemático dos ataques online contra a imprensa é fundamental para entender melhor o papel do espaço digital no cenário estrutural da violência contra jornalistas e comunicadores no Brasil, e pensar em soluções mais efetivas para combater esse fenômeno", justificou Colombié.
Os resultados deste trabalho serão compilados e publicados ao longo da campanha no sítio da RSF. Nos últimos anos, denuncia a ONG, e principalmente desde que o presidente Bolsonaro foi eleito, em 2018, os ataques online contra jornalistas se intensificaram no Brasil.
Levantamento da RSF e do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio) acompanhou, de 14 de março a 13 de junho de 2021, os 20 milhões de usuários ativos no Facebook e Twitter no Brasil, quando registrou 498.693 tuites com menções agressivas num conjunto de cinco hashtags: #imprensalixo, #estremaimprensa, #globolixo, #cnnlixo, e #estadofake, publicados por 94.195 usuários.
O dia com o maior número de postagens ocorreu em 10 de maio, com 36.791 registros, depois que o jornal O Estado de S. Paulo publicou matéria sobre o orçamento secreto. Em 10% dos tuites, mostra o levantamento, foram utilizados termos depreciativos e palavrões contra profissionais da imprensa como safada/o, vagabunda/o, puta/o, burra/o, ridícula/o, idiota e imbecil. A incidência desses termos foi 50% maior quando direcionados às jornalistas em relação aos colegas.
O levantamento da RSF e ITS-Rio também constatou que a utilização de robôs multiplica o alcance nas redes sobre determinados assuntos, dando a falsa percepção de uma adesão em massa para estimular o efeito manada.
Ao contabilizar as 150 hashtags mais compartilhadas pelos usuários que interagiram com as cinco hashtags contra a imprensa monitoradas pelo levantamento da RSF e ITS-Rio, os temas deixaram claro o apoio ao governo federal, incluindo a defesa do voto impresso e críticas ao STF.
“Quando o presidente da República e autoridades do alto escalão do governo pintam cotidianamente a imprensa como um inimigo a ser combatido, eles insuflam um ambiente hostil para todos os jornalistas e intoxicam o debate público”, destacaram a RSF e ITS-Rio no relatório sobre o levantamento realizado. Lembraram que “o Estado tem a obrigação de prevenir episódios de violência contra a imprensa”, mas que o governo brasileiro “age de forma diametralmente oposta”.
No Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2021 o Brasil ocupa a 111ª colocação. Em 2 de julho de 2021, a RSF incluiu o presidente Bolsonaro na sua lista global de predadores da liberdade de imprensa.
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Repórteres Sem Fronteira - RSF - denunciará agressões a jornalistas durante a campanha eleitoral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU