11 Agosto 2022
“Revolução e esperança”. Ir. Geneviève Jeanningros e padre Andrea Conocchia são os responsáveis pela sugestão do título desta matéria sobre a audiência geral. Sim, porque justamente "revolução e esperança" são as palavras que sintetizam o encontro que aconteceu esta manhã, na Sala Paulo VI, entre Francisco e o quarto grupo de pessoas transexuais acolhidas e apoiadas pela comunidade da Virgem Imaculada em Torvaianica, da qual Dom Conocchia é pároco, com a ajuda da freira das Irmãzinhas de Jesus que vive sua missão na região de Ostia.
A reportagem é de Giampaolo Mattei, publicada por L'Osservatore Romano, 10-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nos dias 27 de abril, 22 de junho e quarta-feira passada, 3 de agosto, o Papa acolheu algumas pessoas transexuais que, durante a crise da pandemia, encontraram aberta a porta da paróquia da costa romana. Desde o início, a comunidade cristã contou com o apoio de Francisco e do cardeal esmoleiro Konrad Krajewski para dar vida a um caminho de recuperação da dignidade das pessoas, também através do resgate da escravidão da prostituição.
“A atenção do Papa às pessoas que vivem, com grande sofrimento, essa fragilidade está abrindo esperanças inimagináveis”, disseram a freira e o pároco. Não escondem o espanto das pessoas transexuais que encontraram em Francisco aquele acolhimento que pode se tornar uma centelha de alento para uma nova vida. Tanto que um "boca a boca" espontâneo está envolvendo muitas pessoas em uma proposta de conversão.
De esperança, justamente. “E, por acaso, isto não é uma revolução! O Papa que recebe pessoas transexuais em audiência dirigindo-se a elas com amor, paternidade, simplicidade, não é algo dado como certo", insiste Dom Conocchia. O Evangelho, relança, pede-nos para acolher a todos, sobretudo os mais necessitados e que, por preconceitos, são marginalizados. “Nenhuma pessoa deve sofrer a injustiça de ser descartada, cada pessoa tem em si a dignidade de ser filha de Deus”, acrescenta Irmã Geneviève.
Para contar, com a arte, que evangelicamente ninguém deve ser "descartado", veio para a audiência para esse propósito, do Brasil, o mosaicista Sidney Matias, com um presente especial: "Um retrato de Francisco, em estilo mosaico, feito de azulejos coletados no lixo. Como se dissesse: tudo tem dignidade, nada é 'descarte' e o fato de o Papa nos lembrar prontamente é decisivo.” Na prática, “o lixo transformado em arte é uma mensagem forte”. Também esta revolucionária.
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Com sua esposa Karina - é professora de jardim de infância, eles se casaram no dia 5 de agosto porque descobriram "a beleza de ser uma família" - e seu filho Luca, 6 anos, Sidney, no Brasil, recolhe lixo nas ruas: "reciclamos doando os rendimentos às famílias que têm dificuldade para conseguir o pão cotidiano”.
Afinal, é justamente o que fazem os sindicalistas dos trabalhadores do setor de transporte - que vieram da Argentina e também de outros países para Roma - que o Papa Francisco recebeu e encorajou esta manhã.
Também esteve presente o grupo mexicano de dançarinos de Tonatiuth com vestimentas tradicionais astecas. Para chamar a atenção para os conteúdos da recente viagem apostólica ao Canadá.
Lorenzo Sacchetti, gerente de Vicenza, tem 56 anos e sofre de mal de Parkinson: luta entre cirurgia ao cérebro e risco de cair em depressão, terminando na solidão. Com sua esposa Raffaella, ele realizou, de bicicleta (a paixão esportiva de Lorenzo), um feito maior do que as subidas de Bartali e Coppi, pedalando até Roma para encontrar Francisco. A doença - grave - não impediu um casal apaixonado de concluir um projeto "concebido" antes do diagnóstico de Parkinson.
Lorenzo e Raffaella apresentaram-se de mãos dadas ao Papa, com seus medos e suas esperanças. Acima de tudo com a dignidade de um homem e uma mulher que juntos - encorajados por uma rede de assistência médica e de amizades - disseram a si mesmos e ao mundo que o amor é mais forte que a doença.
Esta manhã, na Sala, Lorenzo e Raffaella - sempre de mãos dadas - sorriram para os vários jovens casais que vieram se encontrar com o Papa. Assim como sorriam, com uma pitada de "cumplicidade", para os coros de entusiasmo entoado pelos jovens peregrinos que, no verão, vivem experiências de comunidade: "barulhentos" mas simpáticos, os grupos vieram das áreas de Bérgamo e Lecco.
E sim, o título "revolução e esperança" se encaixa perfeitamente também para Lorenzo, Raffaella e suas bicicletas.
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Revolução e esperança. O encontro do Papa com as pessoas transexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU