11 Julho 2022
A Reuters lançou hoje a quinta parte da entrevista de Philip Pullella com o Papa Francisco, centrada principalmente na questão da luta contra a pedofilia por membros do clero e contra outros abusos sexuais, de autoridade e de poder contra mulheres, deficientes e religiosas. Os temas já propostos pela Reuters são:
- O Papa espera que o prédio de Londres seja o último escândalo financeiro do Vaticano
- O Papa quer dar voz às mulheres na nomeação de bispos
- O Papa espera que o acordo com a China sobre bispos seja renovado em breve
- O Papa Francisco nega que pretenda em breve renunciar
A reportagem é publicada por Il sismógrafo, 08-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
No caso do trecho apresentado hoje, o Santo Padre assegura que a luta contra os abusos sexuais na Igreja encontra “resistências”, algo conhecido há décadas, e que essa luta é, em todo caso, uma escolha “irreversível”. Não faltaria mais nada!
Essas duas afirmações do Pontífice, que desde 2013 fez da luta contra os abusos um ponto primordial das reformas da Igreja, são dadas como certas e não há dúvida de que serão prosseguidas de forma decisiva.
No máximo, a questão hoje, depois das muitas tomadas de posições justas, corretas e oportunas, são os fatos que às vezes se dirigem na direção contrária à que evidenciam as palavras proferidas. Inclusive no caso de algumas regras e providências, destacam-se as fragilidades e insuficiências.
Os casos recentes, não novos, mas visíveis porque são os últimos, são a recusa dos Episcopados da Espanha e da Itália em envolver nas investigações - para cura, justiça e reconciliação - peritos autorizados, livres e independentes, pessoas não sujeitas a segredos particulares, pessoas em quem as vítimas confiam, que são a verdadeira centralidade desse drama.
Sem essa condição indispensável, não podem ser resolvidas as questões básicas que, em última análise, dizem respeito à maior ou menor credibilidade da Igreja, cujo rosto foi manchado por repugnantes "pecado e crime".
A ocultação e o silêncio da Igreja, como o próprio Papa reconheceu, não permite pensar que as investigações realizadas sob o controle de bispos ou leigos clericais serão credíveis. Assim pensam e afirmam a maioria das vítimas, que, aliás, nem sequer confiam nas razões expostas para decidir investigar os abusos dos últimos 70, 50, 20 ou 10 anos. Quem decide e com que critérios? Existe uma diferença substancial entre uma vítima cuja história remonta a 20 anos atrás e outra cuja história remonta a dois anos atrás? O abuso é diferente?
E, além disso, por que alguns Episcopados, na verdade a maioria, rejeitam muitos Pontos de reflexão do Papa Francisco entre os quais o N° 21 que diz: "É necessário que se institua um organismo de fácil acesso para as vítimas que queiram denunciar eventuais crimes. Um organismo que usufrua de autonomia também em relação à autoridade eclesiástica local e composto por pessoas especialistas (clérigos e leigos), que saibam expressar a atenção da Igreja para aqueles que, neste campo, se sentem ofendidos por atitudes impróprias por parte dos clérigos.”
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O Pontífice enfatiza que a luta contra a pedofilia é “irreversível” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU