O papa entre a guerra e a reforma da Cúria

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22 Março 2022

 

O papa está cada vez mais preocupado com "a agressão violenta contra a Ucrânia, um massacre sem sentido onde matanças e atrocidades se repetem todos os dias; aliás, sacrilégio, porque vai contra a sacralidade da vida humana".

 

O comentário é de Luigi Sandri, publicado por L'Adige, 21-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Precisamente neste contexto terrível, o Papa Francisco assinou um dos documentos mais importantes de seu pontificado, a constituição apostólica "Praedicate Evangelium" para a reforma da Cúria Romana.

 

Ontem, no Angelus, Francisco recordou ter ido no sábado ao hospital do Bambin Gesù, em Roma, para encontrar algumas crianças doentes, recém-chegadas da Ucrânia: "Um está sem um braço, o outro está ferido na cabeça... Crianças inocentes. Penso nos milhões de refugiados ucranianos que têm que fugir deixando tudo para trás... Tudo isso é uma crueldade, desumana e sacrílega!... Por favor, não nos acostumemos à guerra!”.

 

Em vez disso, o pontífice não disse uma palavra sobre o documento histórico por ele assinado no sábado e que será apresentado oficialmente hoje. No texto, Bergoglio lembra que já nas "congregações gerais" - as reuniões de todos os cardeais nos dias anteriores ao conclave - em março de 2013 havia muitos pedidos de reforma da Cúria.

 

Tendo se tornado papa, não os esqueceu e, quase imediatamente, nomeou um grupo de cardeais - depois aumentados para nove e com o tempo reduzidos a seis - para preparar justamente o novo texto básico da desejada iniciativa. Finalmente, após nove anos de trabalho, o projeto agora se concretizou.

 

A Cúria Romana é a instituição de que o Romano Pontífice se vale ordinariamente no exercício do seu supremo ofício pastoral e da sua missão universal no mundo.

 

Obviamente, ele não poderia, sozinho, desempenhar seus muitos compromissos: ele precisa de dicastérios, escritórios, tribunais que o ajudem. Nos últimos quinhentos anos, vários papas se empenharam na reforma da Cúria, para atender às novas exigências doutrinais, pastorais e jurídicas: Sisto V (1588), Pio X (1908), Paulo VI (1967), João Paulo II (1988).

 

Para Francisco, a nova "atualização" decorre do desejo de melhor configurar, com base nas indicações do Concílio Vaticano II (1962-65), a relação do bispo de Roma com o colégio episcopal, atenuando a "centralização" na Cúria.

 

Sem poder aqui aprofundar-se nos 250 artigos completos do texto, gostaríamos de assinalar que, falando do dicastério que dispõe sobre a escolha dos bispos da Igreja latina, especifica-se: "Esse processo envolve de formas apropriadas também os membros do povo de Deus das dioceses interessadas”.

 

Então, terminará a prática que essencialmente excluía os Conselhos pastorais e presbiterais de dizer uma palavra “decisiva” sobre a escolha do candidato? Este é um ponto crucial para a reforma da Igreja Romana.

 

Em outro ponto, contudo, as instâncias inovadoras não encontraram audiência. Apesar de várias sugestões para alterar a denominação de "Secretaria de Estado", que remete a tempos passados, quando o Papa-Rei existia, Francisco ignorou a proposta.

 

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