17 Fevereiro 2022
Tem 62 anos e desde 2 de fevereiro é bispo da diocese de Colatina, no estado do Espírito Santo. Seu nome é dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa e quis iniciar seu ministério com um gesto carregado de simbolismo profético.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por Repubblica, 07-02-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Como relata Mondo e Missione, a revista mensal do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, de fato, "com surpresa para os presentes e para aqueles que acompanhavam a cerimônia religiosa através das mídias, o novo bispo se ajoelhou diante de um representante dos povos indígenas e beijou seus pés." Um gesto que diz muito sobre como Versiani Barbosa entende o episcopado: um serviço para os últimos, um pastor que está no fundo do rebanho e que não pretende se colocar na frente.
Relata ainda Mondo e Missione que na primeira mensagem enviada à diocese de Colatina, Dom Lauro disse claramente: “Ilumina o meu caminho ministerial o exemplo do servo de Deus Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, que me ordenou diácono e sacerdote na Arquidiocese de Mariana”.
Durante muitos anos, de fato, Versiani Barbosa foi um colaborador próximo do bispo jesuíta, conhecido na América Latina como "o bispo dos pobres", que circulava entre os mendigos à noite para cobri-los com um cobertor ou alimentá-los com uma sopa quente. Em 2014, quando se iniciou o processo diocesano da causa de beatificação e canonização – ainda em andamento na fase romana – Versiani Barbosa tornou-se seu postulador.
"O amor de Cristo nos impulsiona" (2Cor 5,14) é o lema episcopal escolhido por dom Lauro em 27 de outubro do ano passado, quando o Papa Francisco o nomeou bispo de Colatina. Não esperou muito para pôr em prática aquele programa de vida encontrado entre as páginas paulinas. Em 2 de fevereiro, no final da Missa de "tomada de posse canônica", ele pediu desculpas por não poder - como gostaria - abraçar os fiéis, devido às restrições da emergência sanitária Covid-19. No entanto, o bispo Lauro chamou um representante dos povos indígenas da aldeia Pau Brasil em Aracruz presente na cerimônia religiosa e lhe disse: "Queremos ser a igreja cada vez mais fiel ao Evangelho de Jesus. Uma igreja pobre em seus meios e para os pobres. E se há alguém com quem temos uma grande dívida, são os povos indígenas". Sem acrescentar mais nada, ele se ajoelhou e beijou seus pés.
O gesto com que o novo bispo inaugurou seu episcopado "lembra a atualidade da missão de libertação e reconciliação da Igreja no Brasil, onde a vida das populações indígenas continua a ser ameaçada e os interesses de poucos ainda prevalecem sobre os direitos de muitos Num clima de fortes polarizações e divisões ideológicas, aquele beijo do novo bispo de Colatina nos diz que, no Brasil e em outros lugares, devemos ser - como escrevia Dom Luciano Mendes - uma "igreja encarnada", ou seja, "uma igreja que 'entra na carne', que assume a situação mais dolorosa da humanidade".
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Novo bispo entra na diocese beijando os pés de um índio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU