“Paulo Guedes encarna o tipo latino-americano do endinheirado ambicioso e oportunista que chega ao poder com grandes planos, descobre que não tem espaço para realizá-los e aninha-se no conforto da cadeira. Guedes acreditou que poderia colocar três ministérios sob sua batuta e três anos depois descobriu que mal comanda um deles” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“Colaboradores diretos de Guedes mostraram-lhe que algumas de suas ideias eram delírios. Alguns deles, sem conseguirem ser ouvidos, foram-se embora. O doutor sabia em que tipo de governo estava se metendo e devia saber que o tal Posto Ipiranga só podia existir nos anéis de Saturno” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“Guedes prometeu privatizações, entregou inflação, prometeu reformas, ofereceu as pedaladas dos precatórios. Fracassou” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“Assim como o bolsonarismo sequestrou as cores da bandeira do Brasil, a direita está sequestrando a ideia de liberdade, notadamente o adjetivo “libertário”” – Helio Schwarstman, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“A esquerda vem paulatinamente se afastando da ideia de liberdade porque esta é incompatível com a de igualdade, outro conceito que lhe é caro. (...) O paradoxo não tem solução. Cada sociedade precisa definir o “blend” de liberdade e igualdade com o qual vai operar” – Helio Schwarstman, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“Quem está preocupado com a perda do universalismo —como Schwartsman e Risério — lembre que, enquanto franceses escreviam que todos eram livres e iguais, escravos haitianos morriam por liberdade em sua esquecida revolução. Faria bem se lesse o que a filosofia hoje tem a falar sobre humanismo (vide Mbembe) e as bibliotecas já escritas, após Mill e Holmes, sobre mercado de ideias (o qual, lá, era para a busca da verdade, não cliques)” - Thiago Amparo, advogado, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste) – Folha de S. Paulo, 07-10-2021.
“A fé é um dos termômetros possíveis para medir os humores do eleitorado. Pois entre os católicos, 61% votam em Lula (PT), e 27% querem Bolsonaro reeleito, segundo pesquisa do Datafolha com 3.667 eleitores em 190 cidades nos dias 13 a 15 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais” – Anna Virginia Balloussier, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“Um pastor que conhece e gosta de Bolsonaro já brincou que, como o presidente é católico, ele pode sempre se apegar à Rita de Cássia, santa das causas impossíveis, para reverter a antipatia dos bispos católicos a ele. Mas é difícil imaginar presidente e CNBB rezando pela mesma cartilha” – Anna Virginia Balloussier, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-10-2021.
“A inflação alta de Jair Bolsonaro pode até durar menos que a de outros dois surtos de carestia deste século. Mas é das mais perversas e politicamente daninhas, acontece em um momento em que os pobres perderam muita renda e sob um desgoverno histórico. Para ser honesto, qualquer governo teria dificuldade mesmo de atenuar este choque. Claro que o cruel, desumano e degradante Bolsonaro piora a situação” – Vinícius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
"Não apenas a inflação média está alta. A onda de carestia de comida é a pior desde 2003. O choque da conta de eletricidade é o segundo pior do século, assim como a alta do preço do botijão de gás e a dos combustíveis para veículos. São surtos que causam fome, asfixiam orçamentos já esquálidos, irritam os remediados que têm carro e afetam preços que são muito evidentes no dia-a-dia. Essa conjunção aconteceu no início do governo Lula da Silva e ajudou a derrubar Dilma Rousseff. Acontece de novo sob Bolsonaro" – Vinícius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“O povo do mercado prevê inflação caindo a 8,6% em dezembro, embora tenham errado muito neste ano. Seria um surto ruim mais curto, pois. A falta de trabalho será grande por muito tempo, mas deve despiorar, afora novos desastres. Mas com tamanho desemprego e inflação e variação miúda do PIB em 2022, os salários dos mais pobres não vão recuperar as perdas da epidemia. Não há esperança política de melhora, como em 2003. Mas elites não querem derrubar Bolsonaro” – Vinícius Torres Freire, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“O perigo é que nós nos esqueçamos da crise climática para cuidarmos do resto, mesmo sabendo que tudo é interligado. (...) Há mais mortes pelos efeitos das mudanças climáticas do que pela Covid-19, bem mais” – Ségolène Royal, ex-ministra do Ambiente da França, negociadora internacional de políticas ambientais e presidente da COP-21 em Paris alertando a poucas semanas do começo da próxima conferência internacional do clima da ONU, a COP-26 em Glasgow, na Escócia – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“Hoje em dia nós devemos prestar contas à população e à nova geração. São esses jovens, até aqui na Europa, que vão conhecer cinco vezes mais ondas de calor do que a minha geração” – Ségolène Royal, ex-ministra do Ambiente da França, negociadora internacional de políticas ambientais e presidente da COP-21 em Paris, referindo-se a Greta Thunberg, apostando que os jovens poderão fazer a diferença – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“A pobreza aumenta, voraz, na horizontal e na vertical. Desta vez, com a pandemia como terceiro impulso, sem por isso evitar que os dois outros sejam talvez mais fortes do que nunca. O governo Collor foi um desastre criminoso, com a bondade solitária de sucumbir a meio do mandato, e nem desta Bolsonaro é capaz. Muito menos o será para deter o crescente empobrecimento. E ainda há o descaso histórico de todas as formas de poder, público e privado, diante do crime irreconhecido que é a injustiça social. Vírus, desgoverno, indiferença também são Os Três Poderes” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
O crescimento da informalidade é sinal de maiores dificuldades nas famílias alimentadas por recebimentos insuficientes, sejam quais forem. É indicador que valeria como advertência, para problemas do futuro e necessidade premente de ação governamental. Não no Brasil. Mesmo a corrida aos ossos despejados, para a guerra contra a fome, causou mal-estar ou indignação muito maiores mundo afora do que aqui, onde não faltou mais revolta com a exibição de ossos e catadores do que a realidade que os uniu, como antes fizeram os cães” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“Entre os que se aventuram a formar o elenco das eleições presidenciais de 2022, o principal figurante ainda está silencioso: é o aumento da pobreza, que já chegou aos ossos, os despejados e os próprios, e não terá quem a socorra até lá. O auxílio de fins eleitorais, esperança de Bolsonaro, não dura um mês dos tantos a esperar. Quem sabe, outra vez em vão” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“Os latino-americanos vêm querendo cada vez mais governantes que resolvam seus problemas, esse é um clamor muito sério e urgente. Estamos em tempos diferentes, em que as pessoas podem ver com seu smartphone como é a realidade nos países desenvolvidos e estão pedindo melhor qualidade de saúde, educação, por mais direitos. A pandemia exacerbou esse sentimento. Por isso temos um número estável de gente que apoia a democracia, mas no geral aumenta o daqueles que não se importam se estão numa democracia ou não, desde que seus problemas sejam resolvidos de uma vez. Esse é o caldo de cultura em que podem crescer os populismos” - Marta Lagos, socióloga chilena, fundadora da Latinobarómetro – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“Bukele (de San Salvador) e [Pedro] Castillo [do Peru] são exemplos de respostas de uma população exausta, que vota em extremos, desconhecidos, com características paternalistas. Depois de eleitos, eles podem torcer as leis, avançar contra instituições” - Marta Lagos, socióloga chilena, fundadora da Latinobarómetro – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“A Nicarágua passou por esse processo, virou primeiro um sultanato em 2017, quando Daniel Ortega colocou sua mulher como vice-presidente. Passou a ser um país governado por uma família, como ocorria no Oriente Médio. Em 2018, com a repressão aos protestos e a perseguição a opositores, virou uma ditadura. Há atores da comunidade internacional que ainda não admitem que seja e creem que algo ainda pode ocorrer para evitar isso nas eleições de 7 de novembro. Mas isso é absurdo. Os candidatos de oposição foram presos, não há liberdade de expressão. Obviamente já é um país que passou do limite do que é uma ditadura - Marta Lagos, socióloga chilena, fundadora da Latinobarómetro – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“A eleição de Castillo é um exemplo de como os revolucionários de antes hoje atuam por meio das urnas. Foi uma escolha revolucionária como a dos bolivianos com Evo Morales em 2006. Um grito de desespero e de inconformismo com a elite política tradicional. Isso joga a favor da democracia. O problema é que o Peru destruiu sua elite política nas últimas décadas, já não há mais partidos, memória de como governar. E o grupo que chegou ao poder não tem preparo, não tem apoios, não consegue construir um consenso. (...) Creio que no Peru as coisas ainda irão piorar antes que possam melhorar. Na verdade, o problema de fundo no Peru é um problema latino-americano. Não há, de modo geral, uma renovação da elite política” - Marta Lagos, socióloga chilena, fundadora da Latinobarómetro – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“O candidato mais bem cotado é fruto de uma renovação, o esquerdista Gabriel Boric. Se ele vencer, como as pesquisas indicam que é o mais provável, representará uma mudança. Mas é preciso ver como organizará seu governo em termos de apoios. Os demais candidatos são mais do mesmo. São mais jovens, portanto é uma renovação etária, mas são novas encarnações de forças do passado, à esquerda e à direita” - Marta Lagos, socióloga chilena, fundadora da Latinobarómetro – Folha de S. Paulo, 10-10-2021.
“Tenho a impressão que Lula em algum momento da vida recebeu os espíritos de Berlinguer e Togliatti, para desagrado de muitos grupos de esquerda que não conseguem exorcizar o espírito de Stalin que habita suas almas anacrônicas” – Luís Gonzaga Belluzzo, economista – Portal Uol, 10-10-2021.
“Recentemente ele (Lula) disse em uma entrevista: na próxima eleição a Carta aos Brasileiros vai expor as conquistas do meu governo. A mensagem é clara. Ele vai se dirigir aos brasileiros massacrados pelo avanço da desigualdade, da pobreza, do desemprego e da precarização do trabalho. Imagino que vai combinar a capacidade de geração de renda e emprego dos programas sociais com a recuperação do investimento em infraestrutura e com os cuidados com a reindustrialização associados a programas de ciência e tecnologia. Ademais, tenho a impressão que o Lula vai manter boas relações com o Joe Biden e com o Xi Jinping. Nas relações internacionais ele é um craque meio-campista” – Luís Gonzaga Belluzzo, economista – Portal Uol, 10-10-2021.
“Não vai ser fácil. A crise que hoje machuca a economia brasileira é, sobretudo, uma crise de inteligência estratégica. Bolsonaro, Paulo Guedes e seus "seguidores", dentro e fora do governo, empenham-se na desconstrução do arcabouço institucional que sustentou o desenvolvimento do país ao longo de cinco décadas. Desde os anos 30 do século passado, a trajetória da nossa economia confirma que a coordenação do Estado é crucial para a obtenção de taxas de crescimento elevadas” – Luís Gonzaga Belluzzo, economista – Portal Uol, 10-10-2021.
“Vamos olhar para a frente: a reindustrialização vai certamente exigir políticas distintas daquelas executadas nos anos do nacional-desenvolvimentismo. A ênfase, agora, deve ser colocada na busca da construção de vantagens dinâmicas apoiadas em programas de inovação, articulados ao agronegócio, às novas fontes de energia, à infraestrutura e às grandes demandas sociais, como educação, saúde, mobilidade urbana e segurança” – Luís Gonzaga Belluzzo, economista – Portal Uol, 10-10-2021.
“Neste momento, enquanto o Brasil se prepara para aprovar medidas que asfixiam seu Orçamento, Alemanha, Coreia, Japão, China e EUA se preparam para o salto da indústria 4.0, com forte integração e apoio do Estado e da academia na área de P&D" – Luís Gonzaga Belluzzo, economista – Portal Uol, 10-10-2021.
“A pandemia deixou marcas sociais e econômicas muito fortes. Houve uma inversão de tendências. A desigualdade vinha diminuindo, e a educação, apesar de ruim, também melhorava. Agora tudo mudou” – Marcelo Neri, diretor do FGV Social – O Estado de S. Paulo, 10-10-2021.