03 Agosto 2021
Uma religiosa católica tem uma visão dignificada da comunidade transgênero – que começou em um ônibus.
A reportagem é de Barbara Anne Kozee, publicada por New Ways Ministry, 01-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Enquanto viajavam em Assam, um estado localizado no nordeste da Índia, a irmã Prema Chowallur, da Congregação das Irmãs da Cruz, notou uma mulher sentada sozinha num transporte público lotado. Prema sentou-se onde ninguém se sentaria com uma mulher transgênero. Em sua conversa, a mulher trans descreveu como sua família a excluiu e ela acabou indo para o subúrbio.
Depois deste encontro, Prema entendeu o isolamento, pobreza e solidão que pode vir às vezes às pessoas transgênero. Ela aderiu à Rede Nacional de Católicos Arco-Íris (GNRC, pela siglas em inglês) e a Rede Indiana de Católicos Arco-Íris (INRC) para se tornar uma grande aliada das comunidades LGBTQIA+ em suas lutas pela dignidade humana.
Prama vê sua fé católica como uma direção central no seu ministério para pessoas trans. O jornal East Mojo relatou o seguinte:
“Uma apoiadora implacável da comunidade LGBTQIA+, irmã Prema Chowallur tem participado de várias iniciativas para ajudar a comunidade queer, apesar da noção comum de homossexualidade ser considerada contra a ordem da natureza pela Igreja. Enquanto por um lado, de acordo com as crenças cristãs populares, diz-se que alguém nasce homem ou mulher (mesmo hermafroditas [sic] que por acaso manifestam características de ambos os sexos são considerados biologicamente masculinos ou femininos), a irmã Prema fez isso a missão de sua vida de servir as pessoas que foram rejeitadas ou marginalizadas por nossa sociedade”.
O jornal continua: “Ao ser questionada se a sua fé alguma vez atrapalhou seu apoio à comunidade queer, a irmã Prema respondeu dizendo: ‘O Papa Francisco pediu às famílias muito claramente para aceitar e abraçar o LGBTQIA+ porque eles são filhos de Deus. A igreja mantém seu conceito moral tradicional nesta questão. Seguindo os ensinamentos de Jesus, a igreja sempre enfatizou ir para as pessoas que são rejeitadas e marginalizadas da sociedade e trabalhar para o seu desenvolvimento, para levar uma vida digna como seres humanos’, ela acrescentou”.
Prema serviu como uma figura materna para a comunidade trans de Assam: muitos se referem a ela como “Maa”. No entanto, tornou-se cada vez mais difícil realizar seu ministério, pois há mais pedidos do que espaço para oferecer na Casa Arco-íris das Sete Irmãs. Por isso, ela tem uma visão de futuro:
“‘Quero que aprendam tudo o que lhes interessa, se têm interesse em ser esteticista, designer, fazer enfeites, qualquer coisa. Se eles tiverem um diploma, quero ajudá-los a encontrar empregos adequados. A Casa Abrigo não pode ser um lugar para eles ficarem por toda a vida. Será apenas um lugar onde eles se curam e se preparam para ficar em pé quando voltarem para enfrentar o mundo’, disse ela com firmeza”.
“Ela ainda tem como objetivo aumentar a consciência entre toda uma geração de pessoas trans, conscientizando-as sobre seus direitos e se tornarem independentes, ao mesmo tempo em que opta por melhores perspectivas de carreira e busca um padrão de vida mais alto”.
O trabalho de irmã Prema em Assam é nada menos do que salvar vidas. Ela serve de modelo para outros líderes religiosos católicos sobre como receber a comunidade LGBTQIA+ com amor, fé e fervor. Em seu compromisso com a dignidade humana, é possível imaginar um ministério LGBTQ católico inclusivo e global.
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O acompanhamento de uma religiosa à comunidade transgênero iniciou em um ônibus lotado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU