09 Julho 2021
Finalmente, o que todos pensaram imediatamente na tarde de domingo, quando se soube que o Papa teve que ser hospitalizado de improviso para uma operação em seu abdômen, foi eliminado.
Felizmente, não se trata de um tumor, nem de uma neoplasia, um crescimento anormal e descontrolado de células doentes. Somente depois de quatro dias o Vaticano, através de um único, conciso e brevíssimo comunicado de imprensa confiado ao porta-voz Matteo Bruni, informou ao mundo que o exame histológico, que é feito de praxe após operações semelhantes, deu um resultado negativo: “O exame histológico definitivo confirmou estenose diverticular severa com sinais de diverticulite esclerosante". O Papa sofre de uma patologia bastante comum entre os idosos que obrigará o ilustre paciente, a partir de agora, a seguir rigorosamente uma dieta alimentar adequada, a se cuidar mais para que não volte a ter uma inflamação no abdômen e evitar aqueles espasmos dolorosos que nos últimos meses o haviam atormentado.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 08-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O porta-voz Bruni acrescentou a esta informação que o curso pós-operatório é bom e positivo. Francisco começou a se alimentar de forma leve, se movimenta da poltrona para a cama, levanta-se e caminha com a ajuda dos dois enfermeiros que trouxe de Santa Marta. Ele está recuperando as forças e desde ontem até retiraram o soro. Mais uma vez, porém, os poucos detalhes relativos à evolução clínica não foram fornecidos pelos médicos do hospital Gemelli que realizaram a longa intervenção no domingo, mas pelo Vaticano, que assumiu o controle de todos os comunicados. Até o momento, nem o professor Alferi, o cirurgião que liderou a equipe, nem o professor Bernabei, o geriatra que recentemente se tornou o médico pessoal, divulgaram qualquer informação.
A razão desta gestão deve-se à vontade do Papa que impôs o silêncio. Francisco por sua natureza não quer que a hospitalização se torne um espetáculo talvez na esperança de fazer esse momento passar quase em silêncio, mas sem perceber que em todo o mundo, da menor cidadezinha à grande catedral, elevou-se uma corrente emocionada de orações em seu apoio com sinais de um grande afeto espontâneo. Francisco ficou impressionado e tuitou em seu perfil social: “Estou comovido pelas mensagens e pelo carinho recebido nos últimos dias. Agradeço a todos pela proximidade”.
A falta de explicações médicas detalhadas a partir do primeiro momento de internação tem inevitavelmente alimentado suspeitas sobre suas reais condições, tanto que o New York Times, denunciou veementemente o grande tema da transparência, chegando a uma conclusão: “Dado o sigilo com que que o anúncio da intervenção do Papa foi tratado, o Vaticano apenas alimentou dúvidas sobre sua sinceridade e confiabilidade”. E mais, "A história de opacidade, da obscuridade e das mensagens codificadas no estilo Pravda é bem fundada e se tornou um desafio, especialmente na era das mídias sociais, onde informações e atualizações incessantes são esperadas enquanto o Papa não considerou detalhes fundamentais de sua saúde como assuntos que possam interessar a outros".
No site para-vaticano, o Sismógrafo, um dos mais seguidos e respeitados, o diretor chileno Luis Badilla refletiu sobre o fato de que todo esse caso está enfraquecendo o Papa Francisco, não tanto porque "sua doença é severa e degenerativa e também poderia ser crônica" mas porque quando voltar ao Vaticano "nunca mais será o mesmo. Toda a retórica sobre um Jorge Mario Bergoglio super-homem danifica sua imagem e seu carisma. As pessoas que leem, ouvem ou veem as notícias não são estúpidas ou incapazes de refletir e se questionar também porque milhões de famílias tiveram experiências semelhantes com seus idosos”.
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Boas notícias para o Papa: “Foi excluído qualquer tipo de câncer” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU