14 Junho 2021
Numa Vitória-ES árida de reflexão teórica sobre a comunicação, passou pelo nosso grupo de estudantes da Ufes, em 1997, a xerox do livro "Dos Meios às Mediações", de Jesus Martín-Barbero. Num olhar retrospectivo, o livro era uma espécie de antevisão da decadência da mídia como "objeto" da comunicação, deslocando-a como um efeito, primeiro, da cultura. Foi o livro que eu mais reli (até me "roubarem" ele de mim rs). Era quase um auto-ajuda acadêmico. É um texto que nos dava chão latino-americano. Pensar com o mundo, mas pensar daqui, com um ponto de vista do Sul. O texto era um entusiasmo semeado por Martin-Barbero.
Nesse livro, há um relato de uma etnografia de uma feira livre. Não lembro de cabeça se essa pesquisa foi feita pela maestra Rossana Reguillo (me veio o nome dela quase que lembrando a página onde está no livro). Mas, enfim. Ele cita um grupo de mulheres que usava de dispositivos radiofônicos para compartilhar suas histórias, ali, na feira. Foi então que várias pessoas começaram a ridicularizar o jeito de falar daquelas mulheres, que, acanhadas pelo deboche, abandonaram a feira. Foi então que, em um dado dia, uma delas resolveu reativar o som, dizendo que foram anos sendo silenciadas, sendo acusadas de "não saber" falar. E que falariam do jeito delas, contariam suas histórias com um acento próprio. Passaram então a influenciar, semana a semana, toda feira, contando e compartilhando dores, afetos e esperança de inúmeras mulheres periféricas, num lugar onde quase sempre 'mulheres' reprimidas pelo patriarcado se encontravam, antes, no silêncio. Mas, depois dali, falantes.
Portanto, era a mediação conflitiva da cultura - em particular os aspectos que a unem à política (mas não apenas) - que transformava a linguagem em um linguajar. E são os diferentes modos de linguajar que fabricam o mundo, incluindo aí neste os meios de comunicação. Aquele era um pensamento autônomo, mas, sobretudo, inclusivo das inúmeras culturas subrepresentadas no circuitão da massificação. E era uma resposta daqui ao fetiche pela escola de Frankfurt, absurdamente elitista em seu pensamento cultural.
Aquilo foi uma bomba de entusiasmo naquela década tão inóspita. Anos depois, em 2002, eu fiz seleção para Doutorado na ECO-UFRJ. Não sei por qual motivo eu pensei em fazer um estudo de recepção em alguma comunidade virtual. Ou talvez eu tenha utilizado em algum lugar do projeto a palavra "recepção". Daí que um professor da banca para gerar aquele clima de tensão me perguntou, à palo seco, o que era recepção. Eu nunca havia abandonado a leitura de JMB. Daí foi fácil responder, utilizando um aforisma do grande mestre: "começa bem antes e termina bem depois da produção da mensagem". Jesus Martin-Barbero mudou a minha vida ali. Sigo sendo seu leitor.
Descanse em paz, Mestre. Grande cartógrafo da cultura e da comunicação.
PS: lembrei que o título da minha dissertação foi "A fuga dos meios: a constituição de novas lutas sociais nas redes virtuais de comunicação". Total inspirado no trabalho do Mestre.
Um amigo pergunta se abandonei o livro que estou escrevendo sobre metodologia da ciência. É claro que não. Tenho muito trabalho já feito para pensar em largá-lo. Mas, de fato, o acúmulo de outras tarefas tem imposto um ritmo bem mais lento do que eu gostaria. Só consigo me ocupar do novo texto altas horas da noite. Além disso, certas questões são muito trabalhosas. Exigem pesquisa longa que depois se transforma em, digamos, dez linhas.
Ultimamente, tenho estudado as críticas a Darwin elaboradas por cientistas importantes, principalmente na segunda metade do século XIX e na primeira do século XX (já li vários críticos mais recentes). Em geral, as pessoas imaginam que apenas pensadores religiosos se opuseram a Darwin, o que não é verdade.
Selecionei cinco abordagens científicas críticas, direta ou indiretamente relacionadas ao gradualismo proposto pela teoria da evolução: a do físico William Thomson (Lord Kelvin), a do paleontólogo Hugh Falconer, a do estatístico Francis Galton (descobridor da impressão digital como forma de identificar as pessoas), a do geneticista William Bateson, e a do botânico Hugo de Vries. Todos eram cientistas de primeira linha.
No debate com Lord Kelvin, Darwin contrapôs com êxito uma teoria biológica a uma teoria geofísica num assunto eminentemente geofísico, o da idade da Terra, o que mostra a sua grandeza. Mas sua contestação a Hugh Falconer foi fraca. Limitou-se a enfatizar a incompletude do registro fóssil, de modo que a objeção de Falconer – a estabilidade das espécies nesse registro e a ausência de formas de transição entre elas – continuou sendo uma problema não resolvido. Até onde sei, só recentemente Gould e Eldredge conseguiram uma boa formulação alternativa, à custa de modificar a teoria original, propondo o chamado “equilíbrio pontuado”. É o que estou estudando agora.
Os outros questionamentos só foram resolvidos ao longo do século XX, principalmente depois dos trabalhos do estatístico Ronald Fisher, nas décadas de 1930 e 1940, fundamentais para unificar em uma mesma teoria as ideias de Darwin e de Mendel. Já fiz uma bela síntese desses trabalhos.
Frequentemente, uma boa teoria nasce com argumentos ainda incompletos ou frágeis. Precisa de tempo e de novas descobertas para se afirmar.
Por coisas assim, o capítulo (ou volume) não fica pronto. Não sei colocar um ponto final na pesquisa. Paciência.
La relazione dell'amore anche nell'ultimo sguardo
«Vorrei riportare quanto ho appreso recentemente sulla morte degli animali domestici leggendo il lavoro di un mio caro amico biologo. Egli scrive che cani e gatti, quando vengono portati in fin di vita dal veterinario per mettere fine alle loro sofferenze con una iniezione, non dovrebbero essere lasciati soli, come purtroppo accade: «I veterinari descrivono animali che si guardano disperatamente intorno in cerca della persona amata – o se volete della persona di riferimento – e muoiono senza uno sguardo amorevole e conosciuto che li accompagni alla fine». Anche gli animali sono fame e sete di relazione, o se volete, di amore».
O relatório do amor também no último olhar.
"Gostaria de reportar o que aprendi recentemente sobre a morte de animais de estimação lendo o trabalho de um amigo meu biólogo. Ele escreve que cães e gatos, quando são levados ao veterinário para acabar com o sofrimento com uma injeção, não deveriam ser deixados sozinhos, como infelizmente acontece: ′′ Veterinários descrevem animais que olham desesperadamente à sua volta à procura da pessoa Amada - ou se você quiser uma pessoa de referência - e morrem sem um olhar amoroso e conhecido que os acompanhe no final ". Animais também são fome e sede de relacionamento, ou se você quiser, de amor".
[QUINTA-FEIRA mais ECLÉTICA]
Blog: Sociologia & Análise
Acompanhado do meu padim Ciço estou lendo o livro do meu amigo e irmão Maurilio Galdino, do Canadá. Muito bom. No aguardo do volume 2. Parabéns.
Maria Angela Borsoi
14/jun/21 - Na passagem de mais um dia 14, marco da Páscoa definitiva de Dom Paulo, ocorrida em 14 de dezembro de 2016, continuamos nossa série mensal de memórias, chegando hoje à sexta pergunta de Padre Augusto, na entrevista/1996 dele à Rede Vida que nos vem servindo de roteiro:
- Dom Paulo, e o homem, a pessoa humana hoje, depois de toda essa sua riquíssima experiência: o homem é viável? O homem tem futuro? Ou: o futuro é do homem?
- Sabe? Tem muita gente que está desanimada, hoje em dia... Até fizeram um inquérito, na Região de São Miguel (Paulista), e 51% de nossos jovens responderam "não sei, se vale a pena viver"! Quando vi aquelas histórias todas, na semana passada, né? Do PeCê... ouvi o filho dele dizer "não sei, se vale a pena viver esta vida"... eu pensei: É preciso voltar ao essencial! (Padre Augusto interrompe: E qual é o essencial, Dom Paulo?). O essencial é... esperar! É sempre ter nova esperança! É sempre conquistar uma nova coisa, é sempre ter um desafio na frente. É sempre saber; vale a pena eu lutar! Porque, quando eu desaparecer desta terra, vai ficar alguma coisa no coração de alguém! - Um dia, nós estávamos passeando na Europa, na neve, aí eu perguntei pra um professor: Valeu a pena, o senhor ser professor? Aí ele se voltou pra trás e disse: Veja o rastro que deixamos na neve... Cada pessoa deixa um rastro no mundo, e as outras pessoas muitas vezes seguem aquele caminho (Dom Paulo conclui, com ênfase) que é a Verdade e a Vida que Jesus nos ensinou!
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"O essencial é esperar"... Dom Paulo quis nos dizer, nunca desistir. Ter desafios pela frente, com a consciência de que a luta, o empenho e a dedicação sempre renovados em evangelizar valem a pena, para todo cristão.
Meu testemunho de hoje ao meditar neste foco é de que pude, por graça de Deus e sem merecimento de minha parte respirar, ver e sentir de perto durante quatro décadas, todos e cada um destes traços na vida de Dom Paulo. Ele sempre foi assim, mesmo que os meios de comunicação social da época o projetassem quase sempre mais pelo seu lado ativista e resistente no enfrentamento dos desmandos da ditadura cívico-militar que durou até 1985. Entretanto o Dom Paulo homem de Deus, missionário evangelizador e arauto da paz precisa ser evocado sempre que pudermos, a fim de que sua figura continue a nos animar e inspirar na vivência da Esperança e no empenho evangelizador que sempre marcaram seu pastoreio.
A propósito, o fato que ocorre para ilustrar esta página faz parte da missão que cumpriu em 1994 no Japão, onde recebeu dos budistas o 11º Prêmio Mundial Niwano da Paz. O protocolo que a Niwano Peace Foundation prepara a cada ano para o contemplado é bastante rigoroso e dura muitos dias, bem mais de uma semana. Curiosidade: Dom Paulo e sua irmã, Zélia, lá se encontravam quando da morte trágica do piloto brasileiro Ayrton Senna, em Ímola. Portanto, perderam todo o conjunto das inesquecíveis cenas que por aqui se sucederam, até o momento do sepultamento do esportista. Naquele outro lado do mundo, cumprindo o dia-a-dia da extensa programação das festividades, Dom Paulo discursou, em inglês, diversas vezes e em diferentes ambientes, sempre acompanhado de convidados ilustres, dentre os quais o Núncio Apostólico local, que eu gostaria de evocar hoje por causa das palavras que dirigiu ao premiado no último dia, quando os dois se despediram para a volta do nosso Cardeal ao Brasil. Este Núncio era canadense: Dom William Aquin Carew (1922-2012), que trabalhara na diplomacia da Santa Sé em diversos países e naquele momento servia na Nunciatura de Tóquio.
O discurso que Dom Paulo proferiu na solenidade principal da premiação é uma peça admirável, construída em seis dezenas de parágrafos, e encontra-se perenizada na publicação bilingue (japonês/inglês) da época, cujas fotos ilustram a presente postagem. Este histórico pronunciamento intitulou-se "O caminho da Paz" e foi com ele que nosso Cardeal apresentou ao solene ambiente de convidados que o assistia em Tóquio uma delicada reflexão sua revelando as conclusões a que chegara, após haver lido e apreciado diversas obras sobre os princípios do Budismo traduzidas para o inglês, do fundador Nichiko Niwano. Concordando com este autor que, por sua vez, se apoiava no pensamento do famoso historiador britânico Arnold Toynbee, fez suas as palavras segundo as quais "quando um historiador daqui a mil anos escrever sobre o século XX, certamente estará mais interessado na interpenetração que ocorreu pela primeira vez entre o Cristianismo e o Budismo do que no conflito entre as ideologias da democracia e do comunismo". E foi então que transitando por tal ponte Dom Paulo foi mostrando seu próprio testemunho de Pastor e guia das comunidades cristãs da Igreja que liderava em São Paulo, e como estas procuravam tecer os fios da Paz através dos múltiplos serviços prestados ao Povo da megalópole em que vivia. E com admirável poder de concisão anunciou a essência da mensagem de Jesus ao mundo, culminando com a apresentação das Obras de Misericórdia praticadas pelos cristãos.
O Núncio local ali presente na certa saiu impressionado. E a cena dele com Dom Paulo que não foi pública, pois tratou-se de um último breve encontro dos dois pouco antes da saída deste para o aeroporto, confirmaria isso. No aperto final de mãos, renovando todos os agradecimentos, Dom Carew disse palavras que tocaram muito o coração do nosso Pastor, que jamais contaria este fato em público, e que nós aqui só ficamos conhecendo graças às raras e poucas ocasiões em que ele, sempre discreto nos detalhes mais íntimos referentes à própria performance, nos falava da viagem: "Dom Paulo, eu gostaria que o senhor e sua irmã soubessem: com seu pronunciamento e testemunho destes dias entre nós o senhor fez mais pela evangelização dos japoneses do que fez a Santa Sé oficialmente, nos quarenta anos em que atua por aqui!"
Brilhou, com certeza, o anúncio feito por Dom Paulo de que o Cristianismo vê o próprio Cristo na pessoa de cada ser humano a quem serve. Agradeçamos juntos a Deus por nos ter dado tal Profeta da Esperança cujo humanismo, qual rastro de neve deixado por onde passou, continua a inspirar-nos no anúncio do Caminho que é Jesus Cristo, Verdade e Vida para toda a Humanidade!
O cenário hoje, sem ira e com estudo
Nunca foi tão difícil saber o que está acontecendo. Há três barreiras:
1) a montanha de mentiras triunfalistas do governo;
2) a montanha de reportagens e artigos indignados da imprensa, denunciando o golpe como iminente;
3) a própria indignação, quase impossível de conter diante de tanta imoralidade política.
Quando se tenta ver alguma coisa, porém, para além da propaganda e da indignação, o que se vê é:
1) um presidente delinquente de popularidade minguante, vandalizando as instituições sem conseguir captura-las completamente;
2) instituições decididas a aguentar o delinquente até 2022, mas resistindo na sua autonomia num cabo de guerra;
3) Aliados congressuais do governo alugados por auto-interesses, com quem ele não pode contar para um projeto golpista.
4) Desejo presidencial de golpear as instituições muito superior às suas capacidades de mobilização de apoio.
Quanto às eleições:
1) Embora jogue de forma desleal, o presidente continua se orientando pelas regras da democracia representativa porque não tem apoio social, econômico nem político para um golpe;
2) Ele está em desvantagem, com um piso de preferência eleitoral ainda alto, mas declinante, e um teto cada vez mais baixo;
3) O presidente tenta enfrentar os reveses crescentes redobrando a aposta pública no escândalo polarizador;
4) Suas manifestações tipo motociata visam essencialmente a tentar ocultar o declínio de sua popularidade junto ao próprio público e seus aliados, realimentando a fantasia de seu poder golpista;
Quanto à sua estratégia futura:
1. Aposta na melhora da economia e na cooptação do eleitorado pobre com ampliação de programa de renda básica;
2. Vai requentar publicamente a oposição entre esquerda corrupta e pervertida e direita honesta e virtuosa;
Todas essas apostas são de êxito duvidoso:
1) Não há garantia de que a eventual melhora econômica chegue aos mais pobres;
2) Dificilmente será possível desvincular o novo programa de renda da associação histórica com Lula;
3) Os custos do prolongamento do governo Bolsonaro são altíssimos para absolutamente todos, exceto sua família ou o grupo neofascista de aventureiros que o envolve;
4) O grosso da oposição buscará reduzir os custos da transição de governo, atraindo militares e centrônicos.
5) Os escândalos de corrupção desenfreada e "genocídio" vão se espraiar cada vez mais a partir da CPI. Sustentar publicamente oposição entre esquerda e direita a partir de honestidade ficará muito difícil.
A capacidade de manipulação de informação pelo governo não é infinita. Não há porque arrancar os cabelos com cada nove fake news que aparece. Bolsonaro terá sempre pelo menos 15% de fanáticos de extrema-direita. O efeito das fake news para fora de sua bolha é mínimo. O que ganha eleição e novos apoiadores é bom governo. E isso ele ainda não tem para entregar.
Uma das conclusões possíveis é a de que o objetivo último de Bolsonaro, mais do que um golpe para seguir no poder, seja aproveitar a sorte que o levou à presidência para tornar sua família o centro de um partido e movimento reacionário hegemônico na direita.
Um partido/movimento populista meio mafioso, com maiores ou menores ramificações nas polícias e forças armadas e tribunais, será sempre uma força de dissuasão e instabilidade de governos de oposição a ele.
Em última análise, o importante seria garantir a longevidade de um domínio político à direita para sua família e associados, mesmo na oposição, fazendo bancada de políticos pessoalmente fidelizados, com o máximo de impunidade garantida.
Esse projeto último parece mais coerente com quem a vida inteira foi antes parasita do que golpista da democracia. Que viveu antes de explora-lá como rufião do que de realmente tentar matar aquela que garante seu sustento e de outras dezenas de encostados a ele vinculados.
Golpismo de auditório?
O sujeito sobe no palco. Ameaça golpe militar. Depois chama o grupo Molejo, faz comercial de remédio e conta piada homofóbica. Faz propaganda da polícia rodoviária e desce pra plateia. Promete dispensar uso de máscara e chama dupla sertaneja.
Tem certeza de que isso é governo?
via
Darlan Montenegro
No caso da saída do Freixo do PSOL, estão certos os dois lados. Está certo o Freixo, em buscar uma aliança capaz de elegê-lo para retirar o controle sobre o governo do estado do Rio das mãos do bolsonarismo, da extrema-direita e dos milicianos. É fato que parte dos setores que podem vir a compor essa aliança é responsável pelo crescimento da influência das milícias sobre o poder público. E não há dúvida de que essa aliança, se vingar, será contraditória. Mas, em vingando e em sendo vitoriosa, fará de Freixo governador do estado. E esse será o elemento decisivo na solução das contradições. Por outro lado, está certo o PSOL em não apoiar Freixo na construção dessa aliança. Seria uma violência muito grande contra sua própria identidade e contra sua militância. Além disso, faz bem para a política do Rio o PSOL preservar sua posição de força política de esquerda, combativa e relevante. No longo prazo, tanto o posicionamento de Marcelo Freixo como o do PSOL contribuem para que possamos vislumbrar um horizonte menos cinzento na política e na vida do Rio de Janeiro.
Um jogo do Brasil contra a Venezuela, em situação normal, já é programa pra quem não tem o que fazer.
Agora o Brasil enfrenta os reservas do time de reservas da Venezuela. Até os reservas dos titulares estão com Covid.
É quase como ver um jogo das Ilhas Canárias contra a Macedônia do Norte num torneio de inverno do hóquei sobre patins.
É coisa pra masoquista. É o futebol da pandemia. Aguentei por 10 minutos.
Dilema
“A esquerda que refuga as figuras e as forças de centro será sempre esquerda, mas nunca será poder numa democracia.”
Abro o Face neste domingo, 13/6, e encontro a frase acima num post do ótimo jornalista gaúcho Moisés Mendes, em um comentário sobre a morte recente de Marco Maciel, o político liberal (nas últimas décadas de vida) pernambucano, que era um homem elegante neste ambiente poluído da política brasileira.
A frase de Moisés me lembrou um comentário que li há poucos dias de Celso Furtado, o grande economista e intelectual nordestino, no livro Correspondência Intelectual 1949-2004, organização e notas Rosa Freire d'Aguiar Companhia das Letras, 2021.
Diz Furtado, em carta ao ex-deputado cassado pelo AI-5 Márcio Moreira Alves, comentando a divisão entre os militares portugueses vitoriosos em 25 de abril de 1974: “Minha impressão de longe é que se confirmou o que já se havia observado no Chile: grupos de extrema esquerda não são mais do que excitadores, sem papel autônomo nos momentos decisivos da luta pelo poder”.
Não preciso dizer, mas o faço. Concordo com ambos. São sínteses que escancaram o papel contraproducente da esquerda mais radical, na verdade uma esquerda voluntariosa e irrealista, nos momentos importantes da luta pelo poder no mundo contemporâneo.
No nosso país, nos dias de hoje, o papel da esquerda consistente e consciente é buscar alianças capazes de derrotar a direita organizada que conquistou o poder em 2018, com manobras e truques, mas também com inegável apoio popular.
Nossos objetivos são, ou deveriam ser, claros: defender e aprofundar a democracia e reconquistar o poder.
Reconquistar o poder político para implantar projetos desenvolvimentistas, investimentos maciços em educação, saúde e segurança públicas, ciência e tecnologia, com distribuição de renda e desenvolvimento do mercado interno.
São objetivos apenas alcançáveis com os apoios da maioria da população e das instituições da sociedade civil. Por isso uma política de aliança realista é necessidade imperiosa no Brasil de hoje.
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