12 Março 2021
O cardeal que está no comando da única diocese católica da Suécia compartilha sobre a volta da fé no país nórdico.
A reportagem é de Mateo González Alonso, publicada por Vida Nueva Digital, 11-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Por que na Suécia se vive um certo retorno à fé e especialmente à Igreja Católica? Para dar resposta a esta pergunta a editora Palabra convocou o primeiro “Fórum Omnes”, no qual reuniu o carmelita e cardeal de Estocolmo – única diocese católica do país – Anders Arborelius e o padre espanhol Andrés Bernar, que é vigário da Evangelização nesta diocese.
Em uma sociedade tão secularizada, fenômenos como a migração ou o descobrimento da fé em pessoas estão mudando o rosto da Igreja. A de Estocolmo é “uma Igreja viva, em expansão, multicultural...”, para Bernar que chegou há 18 anos a exercer seu ministério na missão espanhola. O padre relatou neste sentido a conversão de um pastor protestante e o testemunho dos migrantes latino-americanos entre os jovens.
Arborelius explicou que depois de ter sido proibida por séculos, “a Igreja Católica voltou e agora é reconhecida como parte da geografia religiosa sueca” e “com boas relações com outras confissões”, “faz parte desta sociedade multicultural e multirreligiosa”. De fato, as relações ecumênicas estão produzindo conversões e há elementos de influência como os pastores luteranos – ou na pastoral carcerária – que seguem os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.
No país nórdico existe uma crise muito forte entre os luteranos devido à secularização, que contrasta com as comunidades católicas que abrem suas portas para pessoas de todo o mundo compartilharem sua fé. Embora o purpurado reconheça as diferenças nas situações com que os fiéis chegam a Estocolmo e começam a viver a catolicidade de maneira diferente “para além das classes sociais e opções políticas; que é um testemunho para toda a sociedade sueca”. E vale a pena, de fato, dois templos protestantes foram comprados para atender a diferentes rituais católicos do Oriente Médio, como os caldeus do Iraque.
Além da migração de católicos, a cada ano uma centena de suecos se converte, muitos deles vindos do mundo da universidade ou da cultura. Nesse sentido, destacou que a reitora da Universidade de Estocolmo é uma terciária dominicana, a qual “tem certa influência em ambientes intelectuais, algo que não acontece no mundo político”. Por isso, pediu “valorizar o que oferecem os migrantes, que em muitos países são o grupo mais ativo nas Igrejas e podem reavivar as comunidades religiosas na Europa”, o que é um “sinal de esperança” para ver que se podem viver juntos a fé.
Fato que contrasta com as novas políticas de imigração travadas por sentimentos nacionalistas e populistas. Um fenômeno que ocorre também na Suécia “onde as portas também se fecham, sendo a Igreja Católica uma pequena ponte”.
A pandemia também abriu o coração das pessoas para a fé. “As massas digitais desta época permitiram que muitos descobrissem que existe uma Igreja Católica” e deixaram para trás preconceitos do passado. “Os jovens estão mais abertos a este respeito” e está desaparecendo a opinião de que “a Suécia moderna nasceu contra a Igreja Católica”. Este fenômeno tem promovido propostas evangelizadoras e o cultivo da espiritualidade.
Outra proposta que vem tendo sucesso é o Ensino Social da Igreja, que surge com força como alternativa neste momento político. Um desafio para os católicos, para o cardeal, é falar mais sobre sua fé, superando as barreiras linguísticas. “A Igreja Católica na Suécia é pequena, mas tem grandes esperanças”, concluiu.
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“Os migrantes estão vivificando as comunidades religiosas europeias”, reconhece Anders Arborelius, cardeal sueco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU