16 Dezembro 2020
A cotação da água no mercado de futuros de Wall Street, como se fosse ouro ou petróleo, viola os direitos humanos básicos e torna o elemento líquido vulnerável a uma eventual bolha especulativa, denuncia em um comunicado o relator especial da ONU sobre o direito à água potável e saneamento, Pedro Arrojo-Agudo.
A reportagem é publicada por RT, 12-12-2020. A tradução é do Cepat.
Assim reagiu o especialista à notícia de que a empresa estadunidense de mercados financeiros CME Group lançou o primeiro contrato de comércio de futuros de água do mundo. A empresa explicou que os futuros ajudarão aos usuários de água a gerir o risco e a alinhar melhor a oferta e a demanda, permitindo, por exemplo, que os agricultores se protejam dos aumentos de preços durante os anos de seca.
“Não se pode colocar um preço na água como se faz com outros produtos básicos comercializados. A água é de todos e é um bem público. Está estreitamente ligada a todas as nossas vidas e meios de subsistência, e é um componente essencial para a saúde pública”, destaca Arrojo-Agudo.
Além disso, o relator adverte que futuros deste tipo também poderão atrair os especuladores, repetindo a bolha do mercado de alimentos em 2008. “Neste contexto, o risco está em que os grandes atores agrícolas e industriais e os serviços públicos em grande escala sejam os que possam comprar, marginalizando e impactando o setor vulnerável da economia como os pequenos agricultores”, comenta.
Segundo Arrojo-Agudo, “a água já está sob ameaça extrema pela população em crescimento, a demanda crescente e a grave poluição da agricultura e a indústria mineira no contexto do impacto cada vez maior da mudança climática”.
A água é um recurso vital para a economia, mas seu valor é “mais do que isso”, destaca o relator. Neste sentido, o especialista conclui que o fato de que a água será comercializada no mercado de futuros de Wall Street demonstra que “seu valor como direito humano básico está ameaçado”.
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“É de todos”. A ONU denuncia que a cotação da água no mercado de futuros viola direitos humanos básicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU