15 Outubro 2020
Líderes de diferentes religiões estão sendo conclamados a se engajarem à Campanha 13 Milhões, que tem por meta acabar com a Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Dados recentes do Global AIDS Update mostraram ao mundo que as metas estabelecidas para 2020 quanto ao tratamento da doença serão perdidas. Das 38 milhões de pessoas que têm a doença, 13 milhões de crianças, mulheres e homens – daí o título da campanha – vivem com o HIV e não contam com o tratamento antirretroviral, o que se agravou com a incidência do covid-19.
Na 23ª Conferência Internacional de AIDS, reunida em julho, o diretor da AIDS United, Jessie Milan Jr., apontou para a vulnerabilidade das comunidades marginalizadas às duas doenças, informou o serviço de imprensa do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). “Quando nossa fé nos sistemas e na sociedade é abalada, a comunidade de fé é ainda mais necessária”, frisou.
O arcebispo anglicano da Cidade do Cabo, Thabo Makgoba, apontou aos formuladores de políticas públicas que as instituições religiosas estão fornecendo parte substancial dos serviços necessários às pessoas vulneráveis afetadas pelo HIV. Ele propôs que 5% do financiamento global para combater o HIV fosse canalizado para iniciativas baseadas na fé.
“Mais do que nunca, é importante que as comunidades religiosas e os líderes sejam vozes fortes para as pessoas”, disse o vice-diretor executivo da UNAIDS, Shannon Hader. “Isso significa, em uma época de covid-19, reconhecer que um apelo à ação sobre covid-19 e um apelo à ação contra o HIV devem ser complementares e sinérgicos – eles não estão em oposição um ao outro”, afirmou.
A conferência inter-religiosa virtual, sob o tema “Resiliência e renovação: fé na resposta ao HIV”, reuniu mais de 1 mil participantes. Comunidades religiosas identificaram ações conjuntas para abordar alguns dos desafios e questões emergentes relacionadas às realizações das metas propostas para vencer o HIV até 2030, como a campanha dos 13 Milhões.
Das 38 milhões de pessoas que são portadoras da doença, 1,8 milhão são crianças, e apenas metade delas tem acesso à terapia. Do total, 25 milhões (67%) estão acessando a terapia antirretroviral (TARV) em todo o mundo.
“Hoje sabemos que quando uma pessoa que vive com HIV está em tratamento e tem carga viral suprimida, o HIV não é mais transmitido a outras pessoas (indetectável = não transmissível). Portanto, é de vital importância que todas as pessoas soropositivas tenham acesso a um tratamento de qualidade, abrangente e holístico: físico, psicossocial e espiritual”, afirma texto da campanha dos 13 milhões.
A grande maioria das pessoas portadoras da doença vive em países de baixa e média renda: 20,7 milhões (54%) estão na África Oriental e Austral; 4,9 milhões (13%) na África Ocidental e Central; 5,8 milhões (15%) na Ásia e no Pacífico; 2,2 milhões (6%) na Europa Ocidental, Europa Central e na América do Norte.
No entanto, alerta a campanha dos 13 milhões, “há um progresso desigual no aumento do acesso ao tratamento em todo o mundo e muitos países mais atingidos pelo HIV também sofrem de outras doenças e injustiças, como tuberculose e malária, insegurança alimentar, instabilidade causada por desastres ambientais, conflitos políticos e instabilidade social. O covid-19 exacerbou todos esses problemas”.
Organizadores da campanha reconhecem que locais de culto são espaços acolhedores e de apoio para pessoas buscarem serviços voltados ao combate ao HIV, como o autoteste de HIV e cuidados específicos. Mas, de momento, esse espaço exige restrições.
A posição de confiança que líderes religiosos gozam em suas comunidades e na sociedade em geral “permite que alcancem as pessoa desde os ‘corredores’ do poder político e de formulação de políticas até o nível de base. Os líderes religiosos e espirituais podem ser uma voz forte a favor de ambientes legais, reguladores e sociais de apoio que promovam os direitos humanos, a igualdade de gênero, as metas de justiça social e clamam por estratégias bem-sucedidas para prevenção, teste, tratamento, cuidado e apoio ao combate do HIV”, ressalta o texto motivador da iniciativa.
A Campanha dos 13 milhões (Faith HIV Champion) busca o engajamento de pelo menos 13 líderes religiosos de cada país do planeta, para ser uma voz forte e coordenada pelos direitos e dignidade de todas as pessoas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Campanha “13 Milhões” tem por meta controlar o HIV completamente até 2030 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU