27 Fevereiro 2020
Uma nova reviravolta na Igreja católica na Alemanha. Depois do presidente cardeal Reinhard Marx, agora também o bispo que há vários anos era secretário da Conferência episcopal alemã anunciou sua aposentadoria de improviso.
Entrevista com Pater Hans Langendörfer, editada por Ludwig Ring-Eifelin, publicada por Domradio.de, 25-02-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Após a anunciada saída do cardeal Marx da presidência da Conferência Episcopal, olhamos agora para Mainz, onde um sucessor será eleito no início de março. Qual o significado da mudança para a Conferência Episcopal e o que isso significa para o Percurso Sinodal?
Primeiro de tudo: independentemente do Percurso sinodal, os bispos alemães estão no início de uma nova etapa, onde presumivelmente o objetivo almejado até agora de chegar a um acordo por meio de compromissos terá que deixar cada vez mais espaço para conquistar força de sintonia mesmo no dissenso. É importante na transição para a nova presidência. Essa busca pela harmonia também irá caracterizar a continuação do Percurso Sinodal, que agora atinge talvez seu teste mais importante com o início dos trabalhos nos fóruns.
De Marx vem a indicação de que agora é hora de uma mudança geracional. Isso também se aplica ao secretário da Conferência episcopal?
Sim, é isso. Após uma reflexão madura, decidi não me candidatar à reeleição para o cargo de secretário da Conferência Episcopal.
Desempenhei essa função com alegria por mais de duas décadas e cheguei à convicção de que agora é a hora de transferi-la para mãos mais jovens.
O estatuto da Conferência Episcopal não exige necessariamente um padre ... assim, eu gostaria de abrir o caminho para um novo regulamento, para que as reflexões necessárias sejam feitas para permitir que o cargo seja desempenhado não necessariamente por um padre.
Uma mudança simultânea na presidência e na secretaria também significariam para o Caminho Sinodal, de alguma forma, um duplo corte. E a continuidade?
Será garantida por aqueles que há anos trabalham na Conferência Episcopal e no ZdK (Comitê Central dos laicos católicos alemães). Mas, se o futuro presidente da Conferência episcopal e os bispos o desejarem, estou disposto a colaborar plenamente durante o período de mudança da presidência da Conferência episcopal e para a inserção da futura liderança da secretaria até o final do ano. Até a próxima assembleia sinodal em Frankfurt, eu ainda poderia liderar junto com Marc Frings, secretário geral do Zdk, a secretaria do Percurso sinodal. É muito importante para mim que esse projeto único proceda bem.
O senhor é secretário da Conferência Episcopal há quase um quarto de século. Já tem planos para o futuro?
Para mim sempre foi um tema central a relação entre fé e religiosidade pessoal, de um lado, e mundo secular do outro, mesmo antes de trabalhar na secretaria. Ainda será assim, espero com maior espaço para o trabalho pastoral e outros compromissos pelos quais possa oferecer o que aprendi ao longo dos anos. Vamos ver como isso se realizará.
Se fosse uma mulher ou um homem sem ministério ordenado a assumir o cargo de secretário ou secretária da Conferência Episcopal Alemã, seria a primeira vez nos 172 anos de história da conferência.
Na conferência episcopal chamada nórdica, que inclui a Escandinávia e a Islândia, a secretária geral já é uma mulher, a religiosa Anna Marija Kaschner.
Langendörfer trabalhou como secretário com os presidentes Karl Lehmann (até 2008), Robert Zollitsch (2008-2014) e Reinhard Marx (2014-2020). Anteriormente, foi colaborador científico da Chancelaria Federal com Helmut Kohl (CDU) e diretor do "Foyer dos Jesuítas" em Bonn. Em 2019, juntamente com Marx e os líderes do Comitê Central dos católicos laicos alemães (ZdK), deu início ao Percurso Sinodal, no qual a Igreja católica na Alemanha discute seu futuro.
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Alemanha. Nova surpresa: depois de Marx, também o secretário dos bispos alemães anuncia sua aposentadoria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU