28 Janeiro 2020
Uma das temáticas sobre as quais os jovens pedem uma palavra clara e autêntica da Igreja é a que diz respeito à sexualidade, o gênero e o significado do corpo. São questões em decorrência das quais eles frequentemente se afastam da Igreja: porque se sentem julgados, não compreendidos nem aceitos.
O comentário é de Marta Rodriguez, publicado por Donne Chiesa Mondo | L'Osservatore Romano, 26-01-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Temos que lhes dar razão. Até agora, a vida consagrada não foi capaz de responder concretamente às suas inquietações, salvo louváveis exceções que continuam sendo tais. Abordar a sexualidade com uma nova linguagem é uma tarefa urgente para nós, consagrados, que não podemos mais adiar. Acredito que isso nos coloque um pouco em crise, mas é uma oportunidade que devemos aproveitar. Isso nos chama a uma profunda conversão pastoral, que sintetizo em três pontos.
Os jovens procuram uma palavra que nasça da vida, não apenas do estudo. Eles não escutam os pastores, a menos que os pastores também sejam testemunhas. Mas isso nos coloca uma questão séria: somos testemunhas luminosas de uma sexualidade vivida plenamente? Infelizmente, temos que responder negativamente: muitas vezes somos analfabetos afetivos, incapazes de expressar nosso mundo emocional. Entre as pessoas consagradas, é frequente a gestão da afetividade sob paradigmas de controle ou até mesmo de repressão, ou que falte a liberdade no viver as relações de amizade, especialmente com o sexo oposto. Nem sempre conseguimos, e cada um de acordo com sua própria identidade, nos comunicar, entrar em intimidade, também descobrindo nossas áreas vulneráveis e permitindo que Deus e os outros nos encontrem lá. Se primeiro não aprendemos a canalizar toda a força da dimensão sexual e afetiva em nossa própria identidade, não podemos ter autoridade para dizer uma palavra sobre o amor e a sexualidade a ninguém.
O Sínodo dos jovens chegou a um acordo com a realidade de uma geração fortemente marcada pela fragilidade afetiva.
Na raiz da dificuldade dos jovens em fazer escolhas definitivas está o medo do compromisso e, ainda mais profundamente, a falta de consciência da própria amabilidade. Para mostrar a eles que a força transformadora do Kerygma torna todas as coisas novas, o consagrado deve ter vivenciado isso. Um amigo carmelita costuma repetir que todos deveríamos ter uma placa no ombro dizendo "Trabalhos em curso: desculpem o transtorno".
Questões que dizem respeito à sexualidade e à afetividade são delicadas e tocam profundamente a identidade da pessoa.
Os consagrados que desejem fazer uma verdadeira pastoral devem tornar-se especialistas no caminho do discernimento. Isso pressupõe superar a tentação de dar respostas prontas e aprender a fazer perguntas que orientam os jovens em sua busca pessoal. De alguma forma, implica dar um passo para trás e aceitar o risco da liberdade do outro, que é o único caminho para o verdadeiro crescimento.
É um desafio, e a aposta é alta.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Conversar com os jovens sobre sexualidade com uma nova linguagem - Instituto Humanitas Unisinos - IHU