30 Agosto 2019
A economia cresceu 0,7% no primeiro semestre do ano na comparação com o segundo de 2018. Houve alívio no Ministério da Economia, que em nota disse ser “acertada” sua estratégia até aqui.
O resultado que afastou o perigo, um avanço de 0,4% no segundo trimestre, deixou gente desconfiada com o IBGE, órgão que tem sido pressionado pelo atual governo desde o início.
A reportagem é de André Barrocal, publicada por CartaCapital, 30-08-2019.
Conselheiro de Ciro Gomes (PDT) em 2018, o economista José Luis Oreiro, da UnB, lembra que um índice prévio do Banco Central (BC) havia mostrado queda de 0,13%. No primeiro trimestre, esse índice, o IBC-Br, tinha sido idêntico ao resultado do IBGE, recuo de 0,2%.
André Perfeito, economista-chefe da Nécton Investimentos, é outro cismado. As pesquisas mensais do IBGE sobre comércio, indústria e serviços, diz ele, indicavam quedas dos três setores.
Cismas à parte, há motivo para comemorar a alta de 0,7% no primeiro semestre? Os donos e acionistas dos três maiores bancos privados, têm. O trabalhador, não. O que ajuda a explicar o avanço da impopularidade do governo Jair Bolsonaro, agora superior à aprovação.
De janeiro a junho, o número de desempregados subiu. Era de 12,2 milhões de pessoas em dezembro de 2018 e chegou a 12,8 milhões, conforme o IBGE. A taxa de desemprego foi de 11,6% a 12%.
Aumentou também a quantidade de brasileiros que desistiram de procurar vaga por achar inútil, o chamado desalento. Eram 4,7 milhões no fim de 2018 e 4,9 milhões em junho, um recorde.
Nesse período, o salário quase não se mexeu. A média era de 2.254 reais em dezembro e foi a 2.290 reais em junho, segundo o IBGE. Desde 2012 o salário oscila entre 2,2 mil e 2,3 mil.
Enquanto o desemprego subia e a economia e os salários rastejavam, os bancos esbaldavam-se. Bradesco, Itaú e Santander lucraram juntos 32,7 bilhões de reais no primeiro semestre, um aumento de 13%.
É prenúncio de novo recorde anual. Em 2018, o trio teve ganhos inéditos, 56,7 bilhões. Apenas no primeiro semestre de 2018, foram 28,9 bilhões.
A realidade da população que não é nem banqueira nem acionista de banco ajuda a explicar por que o governo já é mais reprovado do que aprovado.
Em agosto, 39% dos brasileiros achavam o governo ruim ou péssimo e 29%, bom ou ótimo, conforme nova pesquisa CNT/MDA. As duas posições empatavam ali pelos 30% desde abril, de acordo com levantamentos de outros institutos.
Na baixa renda, pessoas que ganham até dois salários mínimos, é pior para o governo: 48% de ruim ou péssimo. Já entre os que ganham um pouco mais e parecem não estar no aperto, muda. De 2 a 5 salários mínimos, há empate em 33% de aprovação e desaprovação do governo. E acima de 5 mínimos, 44% de aprovação e 32% de desaprovação.
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Com PIB de 0,7% no ano, desemprego subiu e lucro bancário explodiu - Instituto Humanitas Unisinos - IHU