O Google é grande demais?

Foto: Niharb | Flickr CC

Mais Lidos

  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS
  • COP30 escancara a mais nova versão da mentira. Artigo de Txai Suruí

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Junho 2019

“Os Gafa (Google, Apple, Facebook e Amazon) estão na mira dos críticos: acusados de servir como um amplificador para as fake news, de usar indiscriminadamente os dados pessoais, de não pagar seus impostos, de sufocar a inovação, de criar empregos precários pagos por tarefa que empobrecem parte da população americana”. A análise é de Marc Chevallier, em entrevista publicada por Alternatives Économiques, 04-06-2019. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

O Google é muito poderoso? Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça está se preparando para abrir uma investigação sobre as práticas antitrustes do buscador. As coisas estão começando a mudar?

Parece que sim. Se isso se confirmar, seria a primeira grande investigação em nível federal contra um gigante da higt-tech, desde aquela da Microsoft na década de 1990, que durou 10 anos.

Em termos práticos, as autoridades norte-americanas devem analisar de perto se o Google está usando sua posição dominante na pesquisa e publicidade on-line para favorecer seus outros serviços. Em 2013, uma investigação semelhante foi abortada sob a alegação de que as práticas do Google não eram prejudiciais ao consumidor...

Desta vez, o resultado poderia ser diferente?

Sim, especialmente porque o contexto mudou. Os Gafa (Google, Apple, Facebook e Amazon) estão na mira dos críticos: acusados de servir como um amplificador para as fake news, de usar indiscriminadamente os dados pessoais, de não pagar seus impostos, de sufocar a inovação, de criar empregos precários pagos por tarefa que empobrecem parte da população americana.

Sua regulação tornou-se uma questão política. Donald Trump nunca perde a oportunidade de tuitar todo o mal que pensa do Google ou do Amazon. Entre os democratas, o desmantelamento dos Gafa é um tema usado especialmente por Bernie Sanders na sua corrida para a candidatura às eleições presidenciais de 2020.

O vento, portanto, virou e não só para o Google...

Sim, de acordo com a imprensa estadunidense, os outros três Gafa também estão sob vigilância federal, e o Facebook deve em breve ser forçado a pagar uma multa de 5 bilhões de dólares por não ter protegido os dados de seus usuários no caso Cambridge Analytica.

Mas, para dizer a verdade, os Gafa são apenas a ponta do iceberg. Em todos os setores, o poder excessivo das corporações ameaça hoje o dinamismo da economia americana.

De escritórios de advocacia a concessionárias de veículos, os economistas estão vendo um aumento naquilo que eles chamam de empresas superstar: as 100 maiores empresas dos Estados Unidos por seu volume de negócios representam a metade do produto interno americano (PIB ), comparado com apenas um terço há 25 anos.

E este é um fenômeno exclusivamente americano?

Não, é mundial, mas na Europa estamos mais preocupados em não ter campeões europeus suficientes contra a concorrência americana e chinesa.

O governo francês ficou irritado com o bloqueio da fusão entre a Alstom e a Siemens pela Comissão Europeia: ele encomendou um relatório para instar Bruxelas a relaxar seus métodos de controle da concorrência e das concentrações. O exemplo dos Gafa nos Estados Unidos deveria, no entanto, incitar à prudência: ter gigantes nem sempre tem vantagens.

Leia mais