Por: Cristina Guerini | 17 Agosto 2018
No começo de agosto a imagem de milhares de pessoas aglomeradas embaixo do Viaduto do Chá, na região central de São Paulo, disputando vagas de trabalho chamou a atenção do país. No entanto, a foto é só mais uma das evidências do que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD Contínua comprova: faltou trabalho para 27,636 milhões de brasileiros.
No segundo trimestre de 2018 (abril, maio e junho), a taxa de subutilização da força de trabalho - um indicador formado pela taxa de desocupados, pelo percentual de subocupados por insuficiência de horas e pelos desalentados, pessoas que não buscam emprego, mas que poderiam trabalhar - chegou a 24,6%.
Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE nesta quinta-feira, 16-08-2018, os estados do Nordeste apresentaram as maiores taxas de subutilização, sendo que Piauí (40,6%), Maranhão (39,7%) e Bahia (39,7%) têm os piores índices do país. A região também possui o menor número de trabalhadores com carteira assinada, sendo que apenas 59,9% dos empregados estão registrados.
Além disso, a pesquisa evidenciou o aumento da taxa de desalentados, o crescimento da taxa de desemprego entre negros e pardos e expressivo número de pessoas que buscam por uma oferta no mercado de trabalho há mais de dois anos.
Número recorde
Outro dado que chama a atenção é que o número de desalentados - aquelas pessoas que deixaram de procurar trabalho - chegou a 4,8 milhões de indivíduos. De acordo com o Instituto, este é o patamar da série histórica da PNAD Contínua, que começou em 2012.
Desemprego
A taxa total de desempregados ficou em 12,4%; apesar de uma leve redução em relação aos trimestres anteriores, esse contingente alcança 12,9 milhões de brasileiros. O número de pessoas que procuram emprego há mais de dois anos ultrapassa os 3 milhões; outros quase dois milhões estão atrás de uma oportunidade há mais de um ano. A maioria dos desempregados, cerca de 6 milhões, buscam emprego há menos de um ano.
Desigualdade
Os pretos e pardos são os que mais sofrem com a falta de vagas. A taxa de desemprego para eles é maior que a taxa nacional. Entre a massa dos desocupados no Brasil, no segundo trimestre de 2018, os pretos que não têm trabalho representam 15%, os pardos 14,4% e os brancos 9,9%.
Já as mulheres, maioria da população em idade ativa, ficaram com o nível de ocupação em 44,8%, enquanto nas vagas ocupadas predominavam os homens, com 56,3%. Entre a população desocupada (12,9 milhões), 51% eram mulheres, o que representa cerca de 6 milhões.
Informalidade
Houve redução no número de trabalhadores com direitos garantidos. Em torno de 26,1% dos empregados das empresas privadas não têm carteira assinada - no segundo trimestre de 2017 a taxa era de 25%; entre os trabalhadores domésticos o percentual de pessoas fora do regime da CLT pula para 70,6%.
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27,6 milhões de pessoas sem emprego, segundo IBGE - Instituto Humanitas Unisinos - IHU