03 Julho 2018
“Este é um momento para conhecer e falar com as pessoas que vivem esta realidade. É uma mensagem para a Igreja”, disse o bispo Daniel E. Flores, de Brownsville.
A reportagem é publicada por Catholic News Service, 02-07-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Por semanas os bispos católicos americanos têm expressado sua indignação condenando a prática do governo de separar as crianças dos pais ou de um membro da família se forem pegos cruzando a fronteira EUA-México sem documentação legal.
No dia 1º de julho, uma delegação de bispos de todo o país, liderada pelo presidente da Conferência Episcopal adentrou o debate sobre imigração, ao chegar numa área perto da fronteira sul a fim de se encontrar com as pessoas afetadas pela política de separação.
"Este é um sinal de que os bispos dos Estados Unidos estão preocupados com a situação e as circunstâncias que afetam as pessoas, não apenas aqueles que vivem em Brownsville, mas ao longo de toda fronteira", disse o bispo local, Daniel E. Flores de Brownsville durante uma entrevista no primeiro dia de julho concedida ao Catholic News Report. "Este é um momento para entender a realidade da situação, para conhecer, falar com as pessoas que vivem esta realidade. É uma mensagem para a Igreja."
Bispo Flores saudou a delegação chefiada pelo presidente da Conferência, cardeal Daniel DiNardo de Galveston-Houston, durante uma missa matinal na Basílica de Nossa Senhora de San Juan del Valle, próximo a cidade de McAllen.
O bispo auxiliar da Diocese de Rockville Centre, Nova York, Robert Brennan e Joseph Bambera, bispo de Scranton, Pensilvânia, também estiveram presentes durante a missa. O arcebispo Jose H. Gomez de Los Angeles, que é vice-presidente da Conferência americana, deverá se juntar a delegação.
Em sua homilia, bispo Flores comparou a ação dos bispos com o conteúdo das leituras do Evangelho de domingo do livro de Marcos, em que Jesus cura a filha de Jairo. Jesus era atento à mulher que lhe tocou e que queria ser curada. Jesus foi capaz de parar por um momento e ouvi-la. E, se direcionando a ela, a curou. A história fornece ao povo de Deus um exemplo daquilo que Deus quer, disse ele.
"Ele é um exemplo para nós por causa de sua capacidade para cuidar dessa pessoa estando presencialmente ao seu lado", disse o bispo Flores. "Que tipo de pessoas o Senhor quer? Ele quer um povo capaz de olhar para a realidade diante de si e se adaptar a ela. Jesus não disse, 'Não tenho tempo para ti hoje'. Ele não disse, 'você não está no plano, você não está na minha agenda”.
Para ser compassiva, a pessoa tem que estar com os olhos abertos assim como Jesus nos mostra no Evangelho, disse ele, e os bispos visitam a fronteira para ouvir e ver a realidade nessa área de maneira muito semelhante.
"Os bispos estão visitando este lugar para que possam parar, olhar e conversar com as pessoas a fim de compreender o sofrimento de muitos que estão entre nós", disse, alternando entre o inglês e o espanhol. "Isso é o que o Senhor nos ensinou: escutar e em seguida responder ao propósito, o propósito cristão, e dar esperança para os mais pobres e necessitados, para dizer a eles que o povo cristão não os esqueceu."
O exemplo de Cristo, disse Flores, foi respeitar a dignidade de cada pessoa, “e ouvir o seu clamor para cuidar deles. Esse é o propósito da Igreja.”
Flores disse que estava contente porque os bispos testemunhariam a generosidade do povo de Rio Grande Valley, que com poucos recursos sempre responde generosamente àqueles que precisam dele.
"Vamos pedir ao Senhor que nos permita ver com olhos abertos para que possamos responder com o coração compassivo", disse ele. "Podemos ser um país com leis sem ser uma nação que não tem compaixão".
A visita começou no dia seguinte a protestos em massa por todo território americano. As manifestações exigiam oa interrupção da separação de famílias. A visita da delegação será focada na separação familiar e está planejado visitar um centro para imigrantes geridos pela Catholic Charities e também um encontro com autoridades perto da fronteira.
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EUA. Bispos em missão na fronteira com o México - Instituto Humanitas Unisinos - IHU