23 Abril 2018
O anúncio para o Dia mundial da Terra. Uma mensagem para o mundo, mas também para o banco do Vaticano. Uma decisão compartilhada com alguns bancos alemães e associações e instituições católicas.
A reportagem é de Barbara Ardú, publicada por La Repubblica, 22-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
A Caritas Internacional é a favor de investimentos sustentáveis. No Dia Internacional da Terra 35 instituições católicas, incluindo a Caritas mundial, uma das mais importantes organizações humanitárias do mundo, anunciaram a decisão de abandonar os investimentos nos combustíveis fósseis. Elas não são as primeiras. Já há algum tempo bancos, empresas e grandes fundos internacionais estão se afastando dos investimentos que ameaçam o planeta (e no longo prazo, também as poupanças).
Mas a Caritas não é uma instituição qualquer. Ela tem poder dentro da Igreja Católica, tem sua sede na Cidade do Vaticano e a Santa Sé nomeia diretamente vários membros do Comitê Executivo da Caritas Internacional. Ela dialoga com o mundo e principalmente, de acordo com o Movimento Católico Mundial para o Clima e a FOCSIV (uma das associações de voluntariado cristãs mais conhecidas), aquela da Caritas é uma declaração que irá exercer uma pressão considerável sobre o Banco do Vaticano, o IOR, para que abandone os investimentos no setor dos combustíveis fósseis.
Um dos caminhos, talvez o mais incisivo, para deter o aquecimento global e que está ganhando cada vez mais consciência. A decisão da Caritas, também será seguida pelos principais bancos católicos alemães. Bank Im Bistum Essen eG, Pax Bank e Steyler Ethik Bank, que declaram um balanço de cerca de 7,5 bilhões de euros, decidiram oferecer aos investidores institucionais católicos opções de investimento responsável, mas também enfrentar a crise climática.
Uma direção também já assumida por alguns bancos italianos, e também europeus que já oferecem investimentos éticos e sustentáveis, começando pela Etica SGR, que exclui os combustíveis fósseis totalmente dos seus produtos de investimento.
E a tendência começa a envolver mais e mais também os católicos italianos. D. Moretti, bispo de Salerno, declarou que desinvestir deve se tornar um "compromisso oficial em resposta ao apelo lançado pelo Papa Francisco e que precisa se traduzir em ações concretas". E outras entidades de origem católica também se somam nessa tendência, desde o Movimento Cristão dos trabalhadores da Comunidade de Nomadelfia até ao movimento dos Focolares, convencido de que o compromisso de desinvestimento faz plena parte do espírito do Movimento, que é o de "colaborar com instituições, associações e pessoas boa vontade para proteger o nosso planeta contra os efeitos nocivos do uso de fontes fósseis".
Todas instituições que até hoje ainda não declararam o quanto somam os desinvestimentos, estão se movimentando agora para descobrir onde eles investiram em combustíveis fósseis. Mas de acordo com o Movimento Católico Mundial para o Clima e a associação FOCSIV, a Secours Catholique desinvestirá cerca de 10 milhões de euros, a Fundação Catherine Donnelly 800 mil dólares canadenses e nos Estados Unidos um grupo de paróquias fará o mesmo. Três delas acumulam um patrimônio de US$ 3 milhões, e desinvestirão 400 mil dólares. Gotas no mar, no mercado global das finanças globais. Mesmo assim, gotas abençoadas.
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Caritas Internacional abandona os investimentos fósseis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU