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04 Novembro 2017

"A mediocridade, marca registrada no modo de gerir a coisa pública, segue na intensificação da não valorização da dignidade do ser humano já tão maltratada pela negligência de oferta de serviços básicos que descamba contra a própria estrutura arruinada e esta tenta inutilmente enfrentar aquela, exemplo disso se vê na guerra da violência que impera", escreve Felipe Augusto Ferreira Feijão, estudante de Filosofia na Universidade Federal do Ceará - UFC. 

Eis o artigo. 

Fruto de reunião recente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, foram publicadas notas pertinentes sobre o momento atual. Um manifesto se refere ao momento político de agora e outro trata em forma de repúdio da portaria do Ministério do Trabalho.

Em tom de denúncia afirma a primeira nota: “Repudiamos a falta de ética, que há décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos brasileiros”.

Essa repulsa se apresenta como necessária. A situação de um Congresso repleto de corruptos, estratificados em grupos específicos que trabalham em prol de benefício próprio e que pela segunda vez no mesmo semestre, em sua maioria, admite que o Presidente denunciado não seja investigado, é muito grave.

Diante desse espetáculo, faltando menos de um ano para o período eleitoral, a nota reconhece que: “A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É grave tirar a esperança de um povo”.

O nascente debate que emerge na especulação de possíveis ou já na constatação de nomes que disputarão campanha, faz com que os bispos alertem para o fato de que “Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País”.

Sem dúvida, o desgaste e o permanente descrédito com a politicagem que é sinônimo do poderoso modelo partidário vigente, chega ao ponto de que um discurso que se manifesta travestido possa ganhar adeptos e força. A recente mudança de nome de alguns partidos é bonita e entusiasmante, porém na prática essa renovação nasce já desgastada.

No que diz respeito a publicação da portaria do Ministério do Trabalho que altera o conceito de trabalho escravo, a nota deixa claro “A desumana Portaria é um retrocesso que, na prática, faz fechar os olhos dos órgãos competentes do Governo Federal que têm a função de coibir e fiscalizar esse crime contra a humanidade e insere-se na perversa lógica financista que tem determinado os rumos do nosso país”.

E ainda: “Nosso País no qual, por séculos, vigorou a chaga da escravidão de modo legalizado, tem o dever de repudiar qualquer retrocesso ou ameaça à dignidade e liberdade da pessoa humana. Reconhecendo a importância da decisão liminar no Supremo Tribunal Federal que suspende essa Portaria da Escravidão e somando-nos a inúmeras reações nacionais e internacionais, conclamamos a sociedade a dizer mais uma vez um não ao trabalho escravo”, dizem os Bispos.

A mediocridade, marca registrada no modo de gerir a coisa pública, segue na intensificação da não valorização da dignidade do ser humano já tão maltratada pela negligência de oferta de serviços básicos que descamba contra a própria estrutura arruinada e esta tenta inutilmente enfrentar aquela, exemplo disso se vê na guerra da violência que impera.

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