09 Outubro 2017
Um tribunal de recursos dos EUA abriu caminho para um membro do Alto Comando Militar de El Salvador ser julgado na Espanha por seu papel no massacre dos jesuítas de 1989, uma das mais conhecidas atrocidades da guerra civil do país.
A informação é de Linda Cooper e James Hodge, autores de Disturbing the Peace: The Story of Father Roy Bourgeois and the Movement to Close the School of the Americas, publicada por National Catholic Reporter, 05-10-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Em 28 de setembro, o Tribunal de recursos da 4º circunscrição distrital negou um pedido do ex-coronel Inocente Orlando Montano de suspensão de extradição, eliminando um impedimento legal que permitiu que a Espanha o julgasse pelo massacre. O secretário de Estado Rex Tillerson deu a palavra final sobre se Montano seria enviado para Madri.
Uma unidade salvadorenha de elite, treinada nos Estados Unidos, foi acusada pelo massacre no qual seis padres jesuítas, sua governanta e sua filha foram assassinados. Cinco dos seis padres eram da Espanha.
O pedido foi feito à 4º circunscrição depois que um juiz distrital dos Estados Unidos confirmou uma decisão de 2016 da instância inferior pela Juíza Kimberly Swank, aprovando a extradição.
Swank concluiu que a evidência demonstrou que Montano participou do assassinato "terrorista", tentou esconder a responsabilidade dos militares e participou de reuniões para traçar o assassinato do padre jesuíta Ignacio Ellacuría, juntamente com todas as testemunhas.
Na época, Montano era vice-ministro da Defesa da Segurança Pública, no comando da Polícia Nacional, da Polícia do Tesouro e da Guarda Nacional, e Ellacuría era reitor da Universidade da América Central, onde ocorreu o massacre, e importante mediador em conversações de paz que incluíam discussões sobre eliminar militares ligados a atrocidades.
Montano - como a maioria dos policiais acusados de envolvimento com o massacre pela Comissão da Verdade da ONU - graduou-se na Escola das Américas dos Exércitos dos EUA, agora conhecida como Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança.
Ele também é formado pela universidade jesuíta, onde ocorreu o massacre.
Montano entrou ilegalmente nos EUA em 2002, com declarações falsas, nos documentos de imigração, de que nunca tinha sido membro do exército salvadorenho. Se for enviado para a Espanha, será o mais alto funcionário da história dos EUA a ser extraditado por violações de direitos humanos.
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EUA. Tribunal abre caminho para comandante salvadorenho ser julgado por massacre jesuíta de 1989 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU