08 Agosto 2017
Um novo estudo da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, estima que a mudança climática futura, se não for atendida, deverá causar cerca de 60.000 mortes no mundo em 2030 e 260.000 mortes em 2100 devido ao efeito das alterações climáticas sobre a poluição atmosférica global.
A reportagem foi publicada por The University of North Carolina at Chapel Hill e reproduzida por EcoDebate, 07-08-2017. A tradução e a edição é de Henrique Cortez.
O estudo, que aparece na edição de 31 de julho da Nature Climate Change, acrescenta a evidências crescentes de que os efeitos globais sobre a saúde de um clima em mudança provavelmente serão esmagadoramente negativos. É também o estudo mais abrangente sobre como as mudanças climáticas afetarão a saúde através da poluição do ar, uma vez que utiliza os resultados de vários dos principais grupos de modelagem de mudanças climáticas do mundo.
“À medida que a mudança climática afeta as concentrações de poluentes do ar, isso pode ter um impacto significativo na saúde em todo o mundo, aumentando os milhões de pessoas que morrem pela poluição do ar a cada ano”, disse Jason West, que liderou a pesquisa na UNC-Chapel Hill com ex-graduado Aluna e primeira autora Raquel Silva.
As temperaturas mais quentes aceleram as reações químicas que criam poluentes do ar, como o ozônio e partículas finas, que afetam a saúde pública. Locais que ficam mais secos também podem ter pior poluição do ar por causa da menor remoção pela chuva, do aumento dos incêndios e do pó soprado pelo vento.
West e Silva usaram um conjunto de modelos climáticos globais, para determinar o número de óbitos prematuros que ocorreriam devido a ozônio e partículas em 2030 e 2100. Para cada modelo, a equipe avaliou as mudanças projetadas na poluição do ar ao nível do solo que poderiam ser atribuídas a futuras mudanças climáticas. Eles então superaram essas mudanças espacialmente na população global, representando o crescimento da população e as mudanças esperadas na suscetibilidade à poluição do ar.
Em conjunto, West e Silva descobriram que as mudanças climáticas deverão aumentar as mortes relacionadas com a poluição do ar globalmente e em todas as regiões do mundo, com exceção da África. Especificamente, cinco em oito modelos previram que haverá mais mortes prematuras em 2030 e sete dos nove modelos em 2100.
“Nossa descoberta de que a maioria dos modelos mostra um aumento provável nas mortes é o sinal mais claro ainda que a mudança climática prejudicará a qualidade do ar e a saúde”, disse West, professor associado de ciências ambientais e engenharia da UNC Gillings School of Global Public Health. “Nós também colaboramos com alguns dos principais grupos mundiais de modelagem climática nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Japão e Nova Zelândia, tornando este estudo o mais completo ainda sobre a questão”.
Além de exacerbar as mortes relacionadas com a poluição do ar, as mudanças climáticas deverão afetar a saúde através de mudanças no estresse por calor, acesso a água potável e alimentos, tempestades severas e propagação de doenças infecciosas.
Referência:
Future global mortality from changes in air pollution attributable to climate change Raquel A. Silva, J. Jason West, Jean-François Lamarque, Drew T. Shindell, William J. Collins, Greg Faluvegi, Gerd A. Folberth, arry W. Horowitz, atsuya Nagashima, Vaishali Naik, Steven T. Rumbold, Kengo Sudo, Toshihiko Takemura, Daniel Bergmann, Philip Cameron-Smith, Ruth M. Doherty, Beatrice Josse, Ian A. MacKenzie, David S. Stevenson & Guang Zeng Nature Climate Change (2017)
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As mudanças climáticas deverão aumentar as mortes prematuras por poluição do ar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU