10 Julho 2017
Pesadelo do vaticanista, que às sete horas da sexta-feira à noite percebe por acaso que estourou uma nova notícia do outro lado do mundo, uma entrevista do Papa Bergoglio que é mais do que um simples texto literário. Claro que, a partir de Leão XIII em diante, nenhum Pontífice deixou de responder a jornalistas. Mas as palavras entregues por Francisco aos microfones e caderninhos de repórteres do mundo todo - e merecidamente reunidas pela Libreria Editrice Vaticana, em dois volumes, o último recém publicado – não têm precedentes.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada na revista Jesus, julho de 2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Quando Bergoglio decidiu não ir para a França, quis mesmo assim falar aos franceses – deixando pasmos periódicos mais conceituados - concedendo uma entrevista ao popular Paris Match. Ele liga continuamente para Eugenio Scalfari sem se preocupar - ou, mais provavelmente, se divertindo - com o abalo que isso causa em vários monsenhores da Cúria. Caso ainda não estivesse claro, quis explicar novamente à Igreja italiana, com uma dupla entrevista para Avvenire e TV2000,o significado do Jubileu da misericórdia quando foi finalizado. Abriu os debates sobre os viri probati no Zeit, o jornal daquela Alemanha onde as suas intervenções não são boicotadas. Comentou o populismo de Trump evocando o nazismo, não frontalmente, com um jornal dos EUA, mas com o espanhol El Pais, de grande penetração nas Américas. Iniciou uma abertura para a China com uma entrevista ao jornal Ásia Times, com sede em Hong Kong e de propriedade israelo-americana. Antes do conclave, disse ao jesuíta Ulf Jonsson que o entrevistava sobre os 500 anos da Reforma de Lutero, que os cardeais também estavam apadrinhando uma "reforma". Está claro que Francisco atua também escolhendo cuidadosamente os textos e as entrelinhas das suas entrevistas.
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Os textos e as entrelinhas. As entrevistas do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU