09 Dezembro 2016
Os seminaristas devem estar abertos à "realidade feminina" e às redes sociais
Humanidade, espiritualidade e discernimento. Estas são as qualidades que os futuros sacerdotes devem demonstrar, de acordo com as novas normas para a sua formação, promulgadas hoje pelo Vaticano. Segundo explicou o Cardeal Beniamino Stella em entrevista para o L'Osservatore Romano, o novo documento busca superar a "rigidez" dos seminaristas, o que pode conduzir a uma visão "burocrática" do sagrado ministério.
A reportagem é de C. Doody, publicada por Religión Digital, 08-12-2016. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Este novo guia completo de formação - promulgado como "O Dom da vocação presbiteral", mas mais formalmente conhecido como a Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis - atualiza uma versão anterior, de trinta anos atrás. Ainda que continue a vetar o sacerdócio das pessoas homossexuais, especificado pela Igreja Católica pela primeira vez em 2005, faz uma exceção para as "tendências homossexuais que sejam unicamente a expressão de um problema transitório como, por exemplo, o de uma adolescência que ainda não terminou".
O documento recorda também a necessidade de uma "imposição voluntária de continência". Seria "gravemente imprudente admitir ao sacramento da ordem um seminarista que não tenha alcançado uma afetividade madura, serena e livre, casta e fiel ao celibato", escreve o decreto, enquanto que os futuros párocos também precisarão compreender a "realidade feminina".
O guia aborda, no entanto, muitas outras questões, tais como a revolução digital. "É necessário observar a prudência que se impõe quanto aos riscos inevitáveis de se frequentar o mundo digital, incluindo as diferentes formas de dependência que podem ser resolvidas por meios espirituais e psicológicos adequados", reflete a diretiva.
Ao mesmo tempo, "será oportuno que as redes sociais façam parte da vida cotidiana do seminário", acrescenta, pois convém aproveitar "as possibilidades de novas relações interpessoais, de encontro com os demais, de confrontação com o próximo e de testemunho da fé", de acordo com o Vaticano, muito ativo nas redes sociais.
Veja abaixo um trecho da entrevista publicada por L'Osservatore Romano, 07-12-2016.
Na Solenidade da Imaculada Conceição, a Congregação para o Clero promulgou a nova Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, um instrumento para a formação de presbíteros. Por que é necessário um novo documento para os futuros sacerdotes e quais foram as linhas inspiradoras na preparação do texto?
A última Ratio fundamentalis se reporta a 1970, mas foi atualizada em 1985. Desde então, como se sabe, sob o efeito da rápida evolução à qual o mundo atual está submetido, foram alterados os contextos históricos, socioculturais e eclesiais nos quais o sacerdote é convocado a encarnar a missão de Cristo e da Igreja, não sem causar mudanças significativas relativas a outros aspectos: a imagem ou a visão do sacerdote, as necessidades espirituais do Povo de Deus, os desafios da nova evangelização, as linguagens da comunicação e muitos outros. Pareceu-nos que a formação de sacerdotes precisava ser promovida, renovada e enfocada, pois o Magistério do Papa Francisco tem nos encorajado e iluminado: com a espiritualidade e a profecia, que distinguem a sua palavra, o Santo Padre tem muitas vezes se dirigido aos sacerdotes, lembrando-os de que um presbítero não é um funcionário, é um pastor ungido para Povo de Deus, com o coração compassivo e misericordioso de Cristo pelas multidões cansadas e oprimidas. A palavra e as exortações do Santo Padre, algumas referindo-se às tentações ligadas ao dinheiro, ao exercício autoritário do poder, à rigidez legalista ou à vanglória, mostra-nos como o cuidado dos sacerdotes e de sua formação é um aspecto fundamental na ação eclesial deste Pontificado e assim deverá sê-lo, cada vez mais, para cada Bispo e cada Igreja local.
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O Vaticano quer que os padres sejam "honestos e com sentido estético, mas nunca hipócritas" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU