20 Outubro 2016
Muitos haitianos que vieram para o Brasil usando o Acre como rota de entrada no país estão fazendo o caminho inverso. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, afirma que ao menos 20 imigrantes desembarcam no aeroporto de Rio Branco diariamente e seguem para Assis Brasil,no interior do estado, e de lá para outros países.
A reportagem foi publicada por Amazonia.org, 18-10-2016.
Entre os anos de 2010 até maio de 2015, mais de 38,5 mil imigrantes entraram no Brasil pelo Acre. Segundo os dados do governo do estado, a maioria dos que faziam essa rota eram imigrantes haitianos que, desde 2010, passaram a deixar a terra natal após um forte terremoto devastar o país e deixar mais de 300 mil mortos.
Os imigrantes chegavam ao Acre através da fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. O secretário Mourão afirma que, desde junho deste ano, os imigrantes começaram a fazer o caminho inverso e têm como destino o Haiti, com o objetivo de visitar os parentes e seguir para os países do México, Estados Unidos e Canadá.
“O roteiro deles é esse, desembarcam no aeroporto de Rio Branco, vão direto para a rodoviária ou fretam táxis e seguem para a cidade de Assis Brasil, no interior do estado. Antes mesmo da Polícia Federal se instalar no guichê no município do interior, eles atravessam a ponte e já estão no Peru, de lá, seguem para vários destinos”, afirma o secretário.
A crise que o Brasil vive é o principal motivo para os haitianos deixarem o país. O taxista Josué Lima diz que muitos dos imigrantes que transporta diariamente, que desembarcaram no aeroporto de Rio Branco, contam que vão para casa ou vão tentar a sorte em outros países.
“Eles vão todos os dias e a conversa é sempre a mesma: que o Brasil está ruim, que precisam mandar dólar para a família e o câmbio do real é muito fraco. Então, eles procuram países que paguem melhor e principalmente em dólar”, afirma Mourão.
No aeroporto de Rio Branco os haitianos evitam falar muito. Ao G1, a imigrante haitiana Fila Zan afirma que saiu de Florianópolis e que vai tentar recomeçar em outro país. “Eu vou visitar o Equador”, diz. Outros imigrantes contam que estão em buscas de oportunidades melhores em outros países, já que a vida no Brasil não anda fácil.
O abrigo para imigrantes montado no Acre, que funcionava na Chácara Aliança, em Rio Branco desde 2014, foi fechado em março deste ano. Inicialmente os imigrantes eram abrigados no município de Brasiléia, distante 232 quilômetros, mas foi desativado e transferido para a capital acreana.
Imigrantes chegavam ao Acre diariamente através da fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. A maioria dos que faziam essa rota eram imigrantes haitianos. De acordo com dados do governo do estado, entre 2010 e maio de 2015, mais de 38,5 mil imigrantes entraram no Brasil pelo Acre.
Os imigrantes chegavam ao Brasil em busca de uma vida melhor e com a esperança de poder ajudar os familiares. Para chegar até o Acre, eles saíam, quase sempre, da capital haitiana, Porto Príncipe, e pegavam um ônibus até Santo Domingo, na República Dominicana, localizada na mesma ilha. Lá compravam uma passagem de avião e iam até o Panamá. Da cidade do Panamá, seguiam de avião ou de ônibus para Quito, no Equador.
Por terra, iam até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes e passavam por Piura, Lima, Cusco e Puerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passavam até chegar em Brasiléia.
O Acre passou a deixar de ser a principal rota para entrada de imigrantes haitianos no país desde que o Brasil ampliou a emissão de vistos pelas embaixadas em Porto Príncipe (Haiti), Quito (Equador) e Lima (Peru). Em 2015, houve uma queda de 96% no número de haitianos ilegais que chegaram ao Brasil pelo estado.
Segundo o Itamaraty, em 28 de setembro de 2015 foi inaugurado em Porto Príncipe, em parceria entre a Embaixada do Brasil no Haiti e a Organização Mundial para a Imigração, um novo centro de atendimento para demandas de vistos de haitianos que querem ir ao Brasil.
Ainda segundo o órgão, em 2015, a média diária de vistos para haitianos foi de aproximadamente 78. As emissões de vistos tinham prazos estipulados e seguiam as resoluções normativas do Conselho Nacional de Imigração (CNIg).
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Fazendo caminho inverso, AC passa a ser rota para haitianos deixarem Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU