13 Abril 2016
O desgaste entre a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, atingiu um nível nunca visto na história recente do país, segundo especialistas. O caso mais próximo seria o do ex-presidente Getúlio Vargas e seu vice, Café Filho, acusado de articular um golpe contra o governo. Café Filho chegou a ser taxado por historiadores como “coadjuvante” da conspiração que culminou com o suicídio de Vargas.
Uma diferença entre o que ocorreu com Vargas e os dias de hoje é o fato de que, até o Golpe de 1964, as eleições para presidente e vice-presidente eram separadas. A eleição por chapas foi uma novidade da democracia pós-regime militar.
— Temer foi eleito com votos petistas. Isso dá um sabor adicional à traição (alegada por Dilma) — diz o cientista político Fabio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG.
Até no regime militar houve faíscas entre presidentes e vices. Aureliano Chaves, o último vice-presidente da ditadura, criticava a gestão do então presidente João Figueiredo, alegando que o povo não era ouvido e que isso teria provocado crise de credibilidade. Na verdade, mirava a eleição indireta para a Presidência da República em 1985, mas acabou perdendo as primárias para o colega de partido Paulo Maluf (PDS, ex-Arena, o partido oficial do regime militar).
— Os desgastes são comuns. O que não é usual são hostilidades públicas como vemos hoje — disse Eurico Figueiredo, da UFF.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Desgaste entre Temer e Dilma supera o de Café Filho e Vargas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU