27 Novembro 2018
A primeira das semanas do Advento está centralizada na vinda do Senhor no final dos tempos. A liturgia nos convida a estar em vigília, mantendo uma especial atitude de conversão.
O 'Retiro do Advento: 'Na mística da Encarnação' é uma proposta de Exercícios Espirituais para rezar diariamente ao longo das quatro semanas do Tempo do Advento. O material é preparado pelo padre Luís Renato Carvalho de Oliveira, e disponibilizado no sítio jesuitasbrasil.com.
Eis o roteiro para a Semana Introdutória do Advento.
O evangelho de Lucas descreve, de maneira metafórica, os acontecimentos que precederiam esta segunda vinda de Jesus. Por causa disto, Lucas convida todos os irmãos e irmãs a se manterem fiéis e vigilantes para, de pé, receberem o Filho do Homem.
O texto do evangelho do primeiro domingo trata da libertação que chega. Nos versículos anteriores, Lucas nos falava do assédio a Jerusalém (21, 20-23). Agora, alude à segunda vinda de Jesus, quer dizer, ao que chamamos de parusia. O discurso de Jesus é apocalíptico e adaptado à cultura de seu tempo (apocalipse não significa catástrofe, como somos levados a pensar, mas revelação), e precisamos reler estes sinais do mundo natural no terreno da história, que é o lugar em que o Espírito se manifesta. A segunda vinda do Senhor revelará a história a si mesma. A verdade que estava oculta aparecerá em plena luz. Todos chegaremos a nos conhecer melhor (1Cor 13, 12b).
Existem em nós a angústia, o medo e o espanto, não causados pelos “sinais no sol, na lua e nas estrelas”. Nossas angústias e inseguranças são motivadas mais pelas crises econômicas, pelos conflitos sociais, pelo abuso do poder, pela falta de pão e trabalho, pela frustração... por tantas estruturas injustas, que somente poderão ser removidas pela mudança – do amor de Deus e sua justiça – no coração do ser humano.
A mensagem de Jesus não nos livra dos problemas e da insegurança, mas nos ensina como enfrentá-los. O discípulo de Jesus tem os mesmos motivos de angústia que o não-crente; mas ser cristão consiste numa atitude e numa reação diferente: a atitude de esperança que mantém nossa fé nas promessas do Deus libertador e que nos permite descobrir os passos deste Deus no drama da história. A atitude de vigilância a que nos leva o Advento, é a de ficarmos alertas para descobrir o “Cristo que vem” nas situações atuais e a enfrentá-las como processo necessário de uma libertação total que passa pela cruz.
Preparação... Coloque-se na presença de Deus... respire profundamente, sinta seu corpo e acolha a presença do Deus da Vida em você e ao seu redor... Recordar a história... da salvação, como Deus age na vida da humanidade... como Ele se faz um de nós, vem morar no meio de nós... “Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi um rebento dado à justiça, que vai implantar a justiça e o direito no país” (Jr 33,15).
Ler o texto bíblico: Lc 21,25-28.34-36.
Mateus 8, 5-11: “Senhor eu não sou digno de que entres em minha casa...”
A cura do servo do centurião na primeira semana do Advento nos faz ver a mesa posta no futuro, quando o Senhor vier em sua glória. Foi posta a mesa do Reino dos Céus e muitos, vindos do Oriente e do Ocidente, a ela se assentarão com Abraão, Isaac e Jacó. Deus disse a Abraão que nele seriam abençoadas todas as nações da terra. Promessa que, segundo a carta aos Gálatas, não pode ser anulada pelo que veio depois, restringindo-a aos observantes da Lei. A promessa deixou aberta a porta do banquete celeste para os que virão do Oriente e do Ocidente.
Lucas 10, 21-24: Jesus exulta no Espírito Santo
Jesus envia os setenta e dois discípulos para anunciar o Reino de Deus por todos os povoados. Ao voltar, eles compartilham com Jesus seu êxito: “até os demônios se nos submetem em teu nome!”. E então escutamos a oração de Jesus, que a liturgia nos propõe hoje. Jesus dá graças a Deus, porque essas coisas não se manifestaram aos sábios e entendidos, mas aos humildes e simples. Termina louvando a seus discípulos porque está se cumprindo o que muitos profetas e reis esperaram. A pregação do Reino que fazem seus discípulos em nome de Jesus dá tanto resultado que até os demônios se submetem. Em Jesus, revela-se o Messias esperado, de uma maneira nova, porém, nos humildes e simples, porque Deus preferiu manifestar-se nos simples.
Mateus 15, 29-37: Jesus cura muitos e multiplica os pães
A liturgia de hoje nos traz dois sinais do Reino. O primeiro é a cura de muitos enfermos com a qual o evangelista nos quer mostrar que estamos nos tempos do Messias segundo as profecias de Isaías. O segundo sinal do Reino é o banquete narrado na primeira leitura e no salmo. Nos dias do Messias, o Senhor brindará com um banquete a todos os povos em Sião. Estamos nesses “últimos dias”. Jesus convida, não já a todos os povos, senão a todos os pobres (coxos, aleijados mancos, enfermos) a uma ceia de solidariedade. Jesus pergunta a seus discípulos quantos pães têm, chama-os à solidariedade, a sair de si. Logo convida a todos a fazerem o mesmo: “mandou que as pessoas se sentassem no chão”. Este sinal de mútua solidariedade se transformou em alimento para todos, o verdadeiro sinal do Reino messiânico e cumprimento das promessas de Isaías.
Mateus 7, 21.24-27: Aquele que faz a vontade de meu Pai entrará no reino dos céus.
A liturgia de hoje nos apresenta o final do Sermão da Montanha, no evangelho de Mateus (5-7). Este nos conta que a pregação de Jesus tem muito êxito entre as cidades pobres do norte do país. Gente de muitas cidades o seguia, então ele decide subir ao monte e expõe num longo discurso, sua lei de vida, o ideal de vida da comunidade. Chama bem-aventurados os pobres e reinterpreta a lei do Antigo Testamento, centrada no cumprimento de regras e preceitos, antepondo a toda a lei o respeito ao ser humano, à sua dignidade. É neste contexto que aparece o evangelho do dia de hoje.
Mateus 9,27-31: “Tem compaixão de nós, filho de Davi!”
Mateus narra a cura de dois cegos na passagem de Jesus por Jericó, a caminho de Jerusalém (Mt 20,29- 34). Este episódio também é narrado por Marcos e Lucas, com a cura de apenas um cego. Mateus, com pequenas diferenças, repete aqui esta narrativa da cura, inserida no bloco de dez milagres que reúne como afirmação do caráter messiânico de Jesus. Fundamenta, assim, a autoridade que Jesus confere aos doze apóstolos em fazer exorcismos e curas em sua missão.
Repetição ou Lc 1, 26-38: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo!!”
“Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual, por uma graça e um especial privilégio de Deus Todo-Poderoso e em virtude dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada de toda a mancha do pecado original no primeiro instante de sua concepção, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firme e constantemente por todos os fiéis”. (Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854).
Outra possibilidade para a oração do último dia desta semana e também das próximas, é não rezarmos a partir de um texto novo, mas voltar aos momentos em que sentimos maior consolação ou maior desolação nas orações de cada dia, lembrando-nos de que “não é o muito saber que satisfaz a pessoas, mas o saborear internamente, com fé, o que o Senhor nos revelou” (EE 15).
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Retiro de Advento. Primeira Semana: 'Na mística da Encarnação' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU